ANÁLISE DO RISCO À SAÚDE DE UMA POPULAÇÃO EXPOSTA A RADIOATIVIDADE NATURAL NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO
radiação natural, avaliação do risco, saúde ambiental, toxicidade genética.
O urânio presente na formação geológica de cidades no interior norte-rio-grandense favorece a contaminação ambiental por radionuclídeos, dentre eles o gás radônio e o chumbo, oriundos do processo de decaimento espontâneo deste metal. Essa radioatividade natural é capaz de gerar diversos efeitos negativos à saúde humana. Diante disto, o presente estudo objetivou avaliar os danos à saúde da população do município de Lajes Pintadas/RN, frente aos contaminantes ambientais presentes na região. Para a realização deste objetivo foram realizados as seguintes metodologias: avaliação da percepção do risco pela população exposta; a quantificação de gás radônio nas residências; quantificação de chumbo em amostras ambientais e biológicas; avaliação de efeitos a níveis genéticos por meio de teste de genotoxicidade; e uma revisão bibliográfica sobre esta temática no Estado. Os dados gerados a partir da avaliação da percepção do risco, demonstrou que a população apresenta condições socioeconômicas que a torna vulnerável as problemáticas ambientais ali estabelecidas. Mesmo a maioria da população não apresentando conhecimento sobre a radiação natural, existe uma percepção clara da presença de um problema que está causando danos à saúde dos moradores. Considerando os resultados oriundos a partir da avaliação de risco, foi possível detectar que há baixos níveis de chumbo nos compartimentos ambientais e que a população encontra-se efetivamente exposta ao chumbo geogênico. Além disso, foi constatada uma exposição a níveis elevados de radônio na Região que pode comprometer a saúde da população residente. A presença deste gás pode estar associada à alta frequência de morte celular observada nos indivíduos estudados. No entanto, a evidencia do dano genético observado sustenta a ideia de que a radioatividade presente na região é um dos agentes causadores das alterações celulares. Desta forma, estes resultados apontam para a importância do estudo do impacto dos subprodutos da radiação natural nesta região, uma vez que ainda existem poucas pesquisas realizadas nesta área, conforme foi identificado pela revisão bibliográfica. A partir da análise do conjunto desses dados, é possível realizar o gerenciamento dessa área de risco, adotando-se medidas que minimizem os impactos adversos gerados a saúde da população. No entanto, tal preocupação não é realidade nos países subdesenvolvidos como o Brasil. Apesar de ser uma problemática de saúde humana cientificamente comprovada, as políticas públicas não investem em recursos e consequentemente, o governo tem que investir cada vez mais no tratamento de saúde daqueles que podem ser vítimas dos efeitos da exposição à radioatividade natural.