INFLUÊNCIA DOS EXTREMOS CLIMÁTICOS E DO BALANÇO HÍDRICO NA PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA
Classificação climática Thornthwaite. Agricultura de Subsistência. Déficit hídrico. Janela de plantio ideal.
Em cenário de mudanças climáticas, os atuais níveis de produtividade, sob amplas condições ambientais, a produção por área colhida está intrinsecamente ligada a questões de disponibilidade hídrica no solo. A compreensão da influência climática e do balanço hídrico sobre produtividade agrícola pode auxiliar no desempenho de práticas no campo e políticas para reduzir a vulnerabilidade relacionada ao clima. Nesta perspectiva objetivo desta tese é analisar o comportamento da produtividade das culturas: mandioca, milho e feijão face à variabilidade climática e balaço hídrico, na Região Nordeste do Brasil. Desenvolveram-se dois artigos: o primeiro identifica padrões espaço-temporais da precipitação diária, verificando associações com as produtividades das culturas, no estado do Rio Grande do Norte, 1980 a 2013; o segundo, analisa o Balanço Hídrico Normal climatológico e o sequencial e sua relação com produtividade das culturas na região Nordeste do Brasil, 1990 a 2019. Utilizaram-se dados diários e climáticos disponibilizados por Xavier et al. (2015), no período de 1980 a 2013 e dados do Era Retrospective Analysis for Research and Applications version 2 (MERRA-2) da Global Modeling and Assimilation Office (GMAO) com o apoio do programa de modelagem da America's Space Agency (NASA), para o período de 1990 a 2019. Fez-se uso de vários métodos estatísticos: análise de correlação, teste de tendência Mann Kendall, análise de Cluster, teste de Tukey, Análise Fatorial, entre outros. O primeiro estudo observou de moderada a forte correlações positivas e significativas dos indicadores de precipitação com a produtividade de agriculturas de subsistência, suas tendências, regiões de maior aptidão agrícola e melhores períodos indicados para início do plantio, segundo a climatologia de cada região do estado do Rio Grande do Norte. O segundo estudo avaliou com base na classificação climática Thornthwaite dos Índice de Umidade seis tipologias: Árido (28 municípios); Semiárido (746 municípios); Subúmido Seco (536 municípios); Subúmido Úmido (389 municípios), Úmido B1 (73 municípios) e Úmido B2 (20 municípios). Os resultados apontaram crescimento da radiação, temperatura e evapotranspiração principalmente nas regiões mais úmidas do NEB. Verificou-se, também, aumento de deficiência hídrica em SON e, consequentemente, redução no armazenamento em todas as regiões no período de DJF. Constatou-se que nas duas regiões mais úmidas, a evapotranspiração e a temperatura correlacionaram-se positivamente com as produtividades de feijão e milho, enquanto que nas menos úmidas o armazenamento e o excedente hídrico tiveram maiores associações positivas com a produtividades agrícolas. Segundo o balanço hídrico climatológico mensal os períodos de maior aptidão hídrica para as regiões foram distintas entre janeiro e abril. Conclui-se portanto, que o entendimento do comportamento das variáveis do balanço hídrico e sua relação com as produtividades agrícolas auxiliam em estratégias para o manejo associados às variações/tendências climáticas, especialmente para fins de planejamento agrícola e hidrológico e para projetos de irrigação para agricultores e gestores locais do Nordeste Brasileiro.