PGE/CB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA CENTRO DE BIOCIÊNCIAS Telefone/Ramal: (33) 4222-34/401 https://posgraduacao.ufrn.br/pge

Banca de DEFESA: HENRIQUE DOUGLAS DOS SANTOS BORBUREMA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : HENRIQUE DOUGLAS DOS SANTOS BORBUREMA
DATA : 12/07/2022
HORA: 09:00
LOCAL: Google meet (meet.google.com/imw-qkvr-bie)
TÍTULO:

EFEITOS DE MUDANÇAS GLOBAIS NA FISIOLOGIA DE Bostrychia spp. (RHODOPHYTA) DE POPULAÇÕES TROPICAIS E SUBTROPICAIS GENETICAMENTE DIVERGENTES


PALAVRAS-CHAVES:

acidificação dos oceanos; aquecimento dos oceanos; COI-5P; divergência genética; dulcitol; ecofisiologia; estresse de luz; macroalgas; manguezais; salinização estuarina


PÁGINAS: 190
RESUMO:

Concentrações crescentes de gases de efeito estufa na atmosfera da Terra têm resultado em um aquecimento atmosférico e oceânico. O aquecimento global vem desencadeando mudanças climáticas e um aumento do nível do mar globalmente. Salinização estuarina é esperada em decorrência do aumento do nível do mar, de estiagens mais prolongadas e do aquecimento dos estuários. Além destas alterações globais, uma redução no pH marinho tem sido registrada em decorrência do aumento de gás carbônico (CO 2 ) dissolvido na água do mar, um distúrbio ambiental denominado acidificação dos oceanos. Clorofluorcabonetos emitidos na atmosfera, além de serem gases de efeito estufa, provocam a depleção do ozônio estratosférico, resultando em maior radiação solar nociva sobre a Terra. Produtores primários em ecossistemas costeiros como os manguezais podem ser negativamente afetados por essas mudanças globais. Assim, nesta tese, nós investigamos a fisiologia das macroalgas de manguezais Bostrychia montagnei e Bostrychia calliptera de populações tropicais e subtropicais, após elas serem submetidas a condições experimentais de mudanças globais. A divergência genética entre as populações das macroalgas também foi investigada a partir de marcadores de DNA mitocondrial (COI-5P) e plastidial (rbcL-3P). Os resultados obtidos em nossa pesquisa foram sistematizados em cinco artigos científicos, cujos resultados principais estão sucintamente descritos a seguir. No primeiro artigo (doi.org/10.1016/j.jembe.2022.151740), reportamos que as populações tropicais das macroalgas são geneticamente divergentes das populações subtropicais, baseados no marcador COI-5P. Também demonstramos que as macroalgas de ambos os nichos climáticos são tolerantes a redução de pH (7,6 e 7,2) por incremento de CO 2 na água do mar (acidificação dos oceanos), aumentando seu crescimento nos tratamentos de pH  reduzido devido a maior disponibilidade de CO 2 para a fotossíntese. Bostrychia montagnei da região tropical aumentou seu conteúdo de polissacarídeos e aloficocianina sob pH 7,2, assim como B. montagnei da região subtropical aumentou seu conteúdo de carboidratos de baixo peso molecular sob esta condição. No segundo artigo (doi.org/10.1016/j.marenvres.2022.105662), reportamos que B. montagnei e B. calliptera de ambos os nichos climáticos diminuíram seu crescimento e desempenho fotossintético sob aumento simultâneo de temperatura e salinidade. Evidenciamos que as macroalgas sintetizaram proteínas, carboidratos e antioxidantes para tolerar temperaturas e salinidades prejudiciais, assim como ajustaram seu conteúdo pigmentar (ficobiliproteínas, carotenoides e clorofila a) para capturar luz de forma eficiente sob estresse salino e térmico. No terceiro artigo, observamos que B. calliptera e B. montagnei da região tropical diminuíram seu desempenho fotossintético sob aumento de salinidade (salinização em estuários tropicais influenciados por clima semiárido). Bostrychia montagnei apresentou aclimatação osmótica por sintetizar e acumular os osmólitos orgânicos dulcitol e sorbitol sob aumento de salinidade, enquanto que B. calliptera principalmente sintetizou e acumulou o dulcitol. O sorbitol apenas foi sintetizado e acumulado por B. calliptera nas salinidades de 37,1, 47,1 and 57,3 S A , como um composto traço. Entre espécies, B. montagnei apresentou uma maior tolerância fotofisiológica ao estresse salino por sintetizar e acumular ambos dulcitol e sorbitol, visto que o sorbitol é um osmólito fisicoquimicamente melhor do que o dulcitol. No quarto artigo, registramos que sob aumento de densidade de fluxo de fótons (aumento da radiação solar sobre a Terra devido a depleção do ozônio estratosférico), B. calliptera e B. montagnei da região tropical exibiram um menor desempenho fotossintético. Também registramos uma fotodegradação do conteúdo pigmentar de B. montagnei sob aumento de luz, enquanto que em B. calliptera apenas uma fotodegradação da clorofila a foi observada. Em ambas as espécies houve uma fotodegradação de aminoácidos do tipo micosporina (compostos fotoprotetivos) sob aumento de luz, sendo essa fotodegradação mais pronunciada em B. montagnei. A menor tolerância de B. montagnei ao estresse de luz pode explicar sua ocorrência preferencial em zonas mais inferiores do intertidal, onde ela está mais protegida da radiação solar direta pelo dossel das plantas de mangue e pela coluna d’água. No quinto artigo, evidenciamos que B. montagnei e B. calliptera de ambas as localidades aumentaram suas concentrações de dulcitol e sorbitol sob redução de pH por incremento de CO 2 na água do mar, demonstrando que estes polióis também possuem uma função energética. O conteúdo de carbono nas macroalgas também aumentou sob acidificação dos oceanos. Bostrychia montagnei e B. calliptera de ambas as localidades aumentaram suas concentrações de dulcitol e sorbitol sob aumento de temperatura e salinidade, demonstrando que além de osmólitos orgânicos, estes polióis são termoprotetores em espécies de Bostrychia. Em conclusão, nossos dados demonstram que populações tropicais e subtropicais de Bostrychia montagnei e B. calliptera são geneticamente divergentes e beneficiadas por aumento de CO 2 na água do mar, uma vez que elas aumentaram sua produtividade e foram tolerantes a redução de pH. Assim, essas macroalgas podem ser relevantes para o sequestro de CO 2 em manguezais. Entretanto, o aquecimento dos oceanos e o aumento da salinidade estuarina serão prejudiciais para o desempenho fisiológico das macroalgas de ambos os nichos climáticos, mesmo elas ajustando seu metabolismo para sintetizar compostos relacionados à tolerância térmica e salina. Nossos dados sugerem que populações tropicais das macroalgas estão mais vulneráveis ao aquecimento do que as populações subtropicais, uma vez que as populações tropicais já vivem mais próximas aos seus limites superiores de tolerância térmica. Nossos dados também demonstram que ambas as espécies são eurihalinas e podem ser caracterizadas como “plantas típicas de sombra”. Assim, condições futuras de maior incidência solar sobre ecossistemas estuarinos serão nocivas para essas macroalgas. Em nossa pesquisa, nós documentamos pela primeira vez os efeitos de acidificação dos oceanos sobre espécies de Bostrychia, as primeiras sequências do marcador COI-5P para ambas as espécies, estratégias fisiológicas de Bostrychia spp. para aclimatação osmótica e térmica, uma condição de temperatura letal para espécies de Bostrychia (34 ºC para os espécimes tropicais), um novo padrão de distribuição de osmólitos orgânicos em espécies de Bostrychia (apenas dulcitol em B. calliptera), e os efeitos deletérios do aumento de luz sobre Bostrychia spp. 


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - EDSON APARECIDO VIEIRA FILHO
Interna - 1279472 - ELIANE MARINHO SORIANO
Externo à Instituição - ESTELA MARIA PLASTINO
Interna - 2412921 - JULIANA DEO DIAS
Externo à Instituição - VINICIUS PERUZZI DE OLIVEIRA
Notícia cadastrada em: 24/06/2022 11:10
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