PGE/CB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA CENTRO DE BIOCIÊNCIAS Telefone/Ramal: (33) 4222-34/401 https://posgraduacao.ufrn.br/pge

Banca de QUALIFICAÇÃO: MARINA VERGARA FAGUNDES

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MARINA VERGARA FAGUNDES
DATA : 15/06/2019
HORA: 14:00
LOCAL: Sala de reuniões - DECOL
TÍTULO:

Atributos funcionais da floresta tropical sazonalmente seca Caatinga: desempenho das espécies, estratégias funcionais e restauração. 


PALAVRAS-CHAVES:

Estratégias funcionais, Montagem de comunidades, Restauração, Nicho funcional, Florestas semiaridas. 


PÁGINAS: 95
RESUMO:

Atributos funcionais são características fisiológicas, morfológicas, anatômicas e bioquímicas, responsáveis pelo sucesso da interação dos organismos com o meio em que habitam. Tais características adaptativas que compõe os organismos de uma região, aqui limitados a plantas arbóreas, são primeiramente selecionadas através de filtros ambientais. Neste sentido, compreender como as estratégias da vegetação são limitadas e moduladas pelos diferentes tipos de  ambiente ao redor do mundo, é uma questão chave em ecologia. Os atributos funcionais das plantas, uma vez selecionados, também exercem efeitos sobre o ambiente em que estão, alterando características abióticas como disponibilidade hidrica, radiação solar, disponibilidade de nutrientes. Além disto, estas alterações causam efeitos diretos e indiretos nos organismos vizinhos, podendo também agir como força moduladora da estrutura das comunidades. Compreender estes processos é fundamental para, além de entendermos padrõess ecológicos gerais, podermos efetivar ações de restauração e montagem de comunidades com uma abordagem ecológica robusta. Neste sentido, este trabalho possui, até então, três capítulos, todos focados no ambiente sazonalmente seco Caatinga. O primeiro caítulo tem o objetivo de analisar os principais trade-off entre atributos funcionais de 20 espécies lenhosas, determinar seus grupos funcionais e, testar se as estratégias das espécies mudam ao longo da sua ontogenia. Foram coletados diversos atributos fisiológicos, anatômicos, bioquímicos e estruturais de espécies adultas em situ e os mesmos atributos para plantas da mesma espécie cultivadas em casa de vegetação com dois meses de idade e seis meses de idade. Realizamos análises de componentes principais, para analisar os trade-off, análise de k-means para determinar os grupos funcionais e um G-teste com os desvios dos atributos entre idades, para testar se as espécies mudam sua estratégia ao longo da ontogenia. Encontramos que as espécies da Caatinga possuem diversos trade-offs com diferentes atributos representando um continuum entre estratégias  aquisitivas e conservativas. Todos os trade-off deste continuo, colapsam em dois grupos funcionais de estratégias conservativas e aquisitivas, porém grande parte das espécies está contida no grupo de estratégias conservativas. Estas espécies tendem a ser mais diversas funcionalmente quando jovens e mais assemelhadas quando adultas, retratando a alta diversidade funcional da caatinga, juntamente ao efeito de pressão do ambiente como um limitador de estratégias. O segundo capítulo busca testar como e quais os atributos funcionais das plantas afetam seus vizinhos positivamente, e se atributos funcionais podem explicar as relações espécies-específicas comumente encontradas.  Para isto, fizemos um experimento in situ com interações entre 60 combinaçoẽs de pares de espécies, cada um replicados cinco vezes. Utilizando os atributos funcionais das espécies adultas já coletados como variáveis preditoras e a performance de plantas vizinhas como variáveis resposta, calculamos um modelo linear misto generalizado, seguido de seleção de modelos. Vimos que, tanto espécies com características conservativas quanto aquisitivas tem o potencial de afetar positivamente os indivíduos vizinhos e que, o resultado é altamente dependente do par de espécies em interação. No entanto, os resultados positivos, surgem quando a espécie que está exercendo o efeito, possui atributos funcionais, cujo efeito no ambiente, majoritariamente relacionados a água, suprem  as necessidades ecológicas das plantas vizinhas. Por fim, o terceiro capítulo testa qual o efeito da sobreposição de nicho funcional na complementariedade de comunidades montadas, visando a restauração de florestas sazonalmente secas. Nós produzimos 4704 mudas de 16 espécies nativas. Com elas, foram montadas 155 comunidades, com 5 níveis de diversidade, monocultura, duas, quatro, oito e 16 espécies e 45 composições diferentes, cada comunidade foi montada com 32 indivíduos. Calculamos a sobreposição de nicho de cada uma das comunidades,  junto do nível de diversidade e tipo de composição como variáveis preditoras, e como variável resposta, o valor da complementariedade calculado através da diferença de produção de biomassa entre monoculturas e policulturas monitorados por três anos.  Estes dados foram calculados através do teste GAMM.  Das 102 comunidades de policultura analisadas, 89 apresentaram uma maior produtividade quando comparados aos tratamentos de monocultura, no entanto a única variável selecionada para explicar este efeito foi o nível de diversidade e não a sobreposição de nicho. O efeito de complementariedade variou positivamente em relação a diversidade, mas parcelas de oito e 16 espécies apresentam valores de produtividades semelhantes. Estes resultados demonstram a complexidade de capturar o efeito de atributos funcionais em todas as suas dimensões, e os atributos medidos aqui podem ter maior associação com resistência a seca e sobrevivência do que produção de biomassa. Para os primeiros anos de restauração, possuir uma diversidade maior garante uma maior produtividade. Porém o papel das variáveis funcionais medidas na comunidade podem variar ao longo do tempo, onde determinados atributos passam a ter maior importância para a manutenção da comunidade. Por isto, ressaltamos a importancia de estudos e experimentos de longo-prazo, para um melhor entendimento dos efeitos dos atributos funcionais em restauração de comunidades.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1837921 - ALEXANDRE FADIGAS DE SOUZA
Interno - 1678202 - CARLOS ROBERTO SORENSEN DUTRA DA FONSECA
Presidente - 1677189 - GISLENE MARIA DA SILVA GANADE
Notícia cadastrada em: 03/06/2019 09:09
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