BIOINDICADORES DO TRANSTORNO DO ESPECTRO ALCÓOLICO FETAL: COMO O ZEBRAFISH PODE AJUDAR?
álcool, cognição, fasd, zebrafish
Relatórios recentes da Organização Mundial de Saúde estimam que 5 a 11% da população mundial sofra de condições derivadas da exposição alcoólica fetal. O Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (do inglês Fetal Alcohol Spectrum Disorder - FASD) é uma condição decorrente da exposição ao álcool durante o período intrauterino. Esta condição é considerada um problema de saúde pública e pode causar uma série de deficiências físicas, mentais e comportamentais graves e irreversíveis. O termo FASD abrange diferentes níveis de comprometimento do feto, desde malformações e distúrbios neurológicos e desenvolvimentais, categorizados como SAF (síndrome alcoólica fetal), até efeitos mais brandos como déficits intelectuais e comportamentais. Embora o diagnóstico dos casos mais graves seja relativamente simples, devido às anormalidades faciais, o diagnóstico dos demais casos é complexo e requer avaliação médica detalhada. Atualmente, um elemento essencial para fechar o diagnóstico é a declaração materna de consumo de álcool durante a gravidez, o que o torna ainda mais difícil, pois muitas mulheres envergonham-se de terem feito uso de álcool, ou mesmo não se lembram ou não sabiam que estavam grávidas quando tiveram episódios de ingestão alcoólica. Assim, a falta de dados compromete o diagnóstico, que muitas vezes é errôneo devido a sobreposição com outras condições médicas, como Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. Nesse sentido, estudos com modelos animais são importantes, pois nos ajudam a buscar biomarcadores mais precisos para o diagnóstico. Para estudar os efeitos do álcool, vários laboratórios realizam pesquisas com o zebrafish - animal popular para a pesquisa translacional. Este modelo oferece possibilidade de conclusões translacionais, visto que possui vias bioquímicas que foram evolutivamente conservadas em humanos, tornando-o bom para o estudo das condições impostas pelo uso de álcool. Desta maneira, esta proposta visa buscar bioindicadores moleculares e comportamentais que possam auxiliar no diagnóstico mais preciso da FASD.