Diferenças individuais são características únicas que se desenvolvem ao longo da vida do indivíduo, e são formadas com base na predisposição genética e experiências vividas, como os traços de personalidade, orientação sociossexual e impulsividade. Essas diferenças individuais podem modular (inibindo ou favorecendo) a expressão dos comportamentos, incluindo os comportamentos sexuais de risco. Comportamentos sexuais de risco são aqueles que expõem o indivíduo ao risco físico, como acometimento por infecções sexualmente transmissíveis (IST), e ao risco social e vulnerabilidade, como a gravidez precoce. Em nosso trabalho, apresentamos os conceitos teóricos sobre seleção natural e seleção sexual, assim como a Teoria de Investimento Parental e Teoria das Estratégias Sexuais; além disso, detalhamos os conceitos dos comportamentos sexuais de risco e das diferenças individuais. Ainda, investigamos as diferenças individuais e suas relações com comportamentos sexuais de risco, assim como variáveis relacionadas às características do indivíduo, como uso de profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) e tendência não-monogâmica. A coleta de dados foi feita online, com 293 participantes, que responderam aos instrumentos de medida de personalidade, impulsividade, busca por sensações sexuais, estratégia de história de vida e orientação sociossexual, além de um questionário sociodemográfico contendo questões sobre os comportamentos sexuais de risco. A partir dos comportamentos sexuais de risco foi criado o Escore de Risco Sexual que representa o nível de exposição aos riscos sexuais de cada participante, contendo informações sobre o número de parceiros, uso de preservativo, uso de substâncias durante o ato sexual, uso da PrEP, etc. Este escore foi usado para análise dos dados através de testes de correlação. Foi encontrado que sexo, orientação sexual e nível socioeconômico não se correlacionou com os riscos sexuais. Os traços de personalidade extroversão, narcisismo e psicopatia, bem como a busca por sensações sexuais e a orientação sociossexual irrestrita apresentaram correlação positiva com os riscos sexuais. Por sua vez, nem a impulsividade, nem a estratégia de história de vida apresentaram correlação com os riscos sexuais. Este trabalho traz informações sobre como os comportamentos sexuais de risco podem ter sua expressão aumentada devido às diferenças individuais, o que pode favorecer o aumento no número de indivíduos acometidos por infecções sexualmente transmissíveis (IST). Estes conhecimentos trazem uma colaboração importante para o combate ao avanço das IST, podendo ser usado para evitar que novas infecções ocorram.