A VONTADE DIABÓLICA COMO UM MAL PSÍQUICO FRENTE AO PROBLEMA DO MAL NO INDIVÍDUO SEGUNDO KANT
Kant; Razão prática; Lei moral; Mal; Vontade diabólica.
A discussão do mal na filosofia kantiana pode ser vista no tocante às ações humanas, em como o bem e o mal são colocados como esquemas derivados da lei moral, ou seja, quando as ações se estabelecem como boas ou más; e concernente ao indivíduo que age, isto é, na análise da natureza do indivíduo, em seu caráter. As principais obras de Kant que discutem o tema na primeira forma são Fundamentação da metafísica dos costumes e Crítica da razão prática. E a obra que discute o tema na segunda forma é A religião nos limites da mera razão. Quanto ao mal a partir do indivíduo, ou o que seria o mal na natureza do indivíduo, ao se deparar com a lei moral em sua razão pura, o ser humano tem uma disposição para o bem e uma propensão para o mal. Kant sustenta que essa propensão se distingue em fragilidade, impureza e malignidade, mas não em uma vontade diabólica que coloca a razão livre do comando da lei moral. O presente trabalho busca verificar se haveria um caso em que tal vontade diabólica poderia ser estabelecida, não obstante o descarte do filósofo quanto a tal condição no ser humano. A partir das obras de Kant sobre filosofia moral, bem como de sua Antropologia de um ponto de vista pragmático e seu escrito pré-crítico Ensaio sobre as doenças da cabeça, bem como de comentadores kantianos nesse mesmo âmbito, busca-se ir além da proposição kantiana para o mal, e sustentar a tese de que um caso para a vontade diabólica pode ser configurado na afetação patológica (doentia) da psique acomodada na condição da psicopatia. A saber: mesmo possuindo a razão prática que tem como objeto o bem e o mal, a afetação doentia da mente exclui a razão pura prática que coloca a lei moral como incentivo. Essa configuração acarretaria a condição de um ser diabólico.