Banca de QUALIFICAÇÃO: JOSE LUIZ SILVA DA COSTA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : JOSE LUIZ SILVA DA COSTA
DATA : 07/10/2022
HORA: 09:00
LOCAL: Auditório D, CCHLA
TÍTULO:

Fenomenologia da raça e necropolítica em Achile Mbembe


PALAVRAS-CHAVES:

Racialização, Darwinismo Social, Biologização, Sujeito Racial, Necropolítica.


PÁGINAS: 88
RESUMO:

O processo de racialização dos sujeitos é responsável por designar estruturas de sociedades que se tornam segredadas, não inclusivas e, por vezes, discriminatórias. Mas, o fenômeno da racialização é um processo com um início e um continuum, até onde não podemos ver seu fim. Para Mbembe, as raças são criações fictícias próprias de indivíduos e/ou de grupos que querem excetuar indivíduos que sejam diametralmente opostos a ele. A raça é, dentro do grande projeto de modernidade, iniciada no fim do século XVII, a demonstração da existência de um ser completamente outro; a interpretação fechada da não existência dos diferentes.  

Ele afirma que os sujeitos racializados sofrem uma série de penalizações físicas e psíquicas por terem sua vida reduzida aos aspectos da pele e da cor. Ora, a partir do momento que se expõe as diferenças humanas em termos de diferenças biológicas, determinando um lugar de subalternidade ou de inferioridade cognitiva para determinado grupo, nega-se o estatuto fundamental de reconhecimento de sua qualidade de ser humano, e partir daí, uma série de ultrajes contra seus direitos fundamentais, tais como à vida, à dignidade e à liberdade são perpetrados. O sujeito racial designa uma realidade heteróclita e variável, uma multiplicidade de ser, porque assim já foi cunhada, a partir da aventura europeia da colonização e de suas descendências na conformação do mundo, dividido em raças e cores.

A fragmentação do ser, gerada na subjetividade e na vida cotidiana dos povos racializados, provem diretamente de uma série de experiências históricas de terror que dilaceraram os mundos possíveis de existência destes. Pois, submetidos a uma realidade de torturas; a uma existência vacante; a uma série de ameaças a sua sobrevivência; à falta de reconhecimento e de dignidade, criou-se a complexidade das estruturas de dominação a que estamos submetidos. Criou-se, desta forma, dentro de um mesmo mundo (o que estamos perpetuamente construindo e desconstruindo), formas de existências mais reconhecidas, e outras que precisam resistir e se afirmar para receber tal legitimidade. O emaranhado social, linguístico, econômico, psicológico (assentados nas estruturas individuais e coletivas) e educacionais se encontram e são subsumidos a esta enorme estrutura que se denominou “raça”.

Desta maneira, nesta texto, iremos construir um caminho teórico conceitual (com o pé assentado nas práticas políticas/éticas atuais) a partir de Mbembe, seus conceitos e os autores que ele estuda para pensar o fenômeno do surgimento, da operacionalização e do inculcamento da raça (como categoria ontológico-político) e da necropolítica como armas políticas para marcar e excluir os povos racializados, criminosos e indesejados. 

Assim, no capítulo 1 iremos discutir como se deu a criação e instauração do fenômeno da racialização  sob o ponto de vista histórico/ontológico, neste sentido veremos como  a raça é uma construção histórica concebida para  classificar os seres humanos em diferentes categorias ontológicas/morais e de cor/fenótipos, tal concepção se assenta na falsa ideia  de uma suposta lógica biológica darwinista que atua no seio social, mas que na realidade encontra sua essência nas relações políticas de assimetrias de poder (nas relações entre desigualdades e diferenças) e na  formação onírico social da raça como um simulacro de um forte desejo e ressentimento de exclusão do outro, o ser diferente.

No capítulo 2  iremos investigar os processos políticos raciais que legaram a nossa sociedade uma prática psicológica e social  de repulsa dos povos racializados.  perceberemos que é a partir de uma visão biologizante do mundo e da vida social que se assentam estas práticas. Na sequência buscaremos compreender como as relações raciais são baseadas em diferenças, desigualdades e isto impede sua autodeterminação. em decorrência disso iremos averiguar as relações causais entre desejo, relação de inimizade e crise da democracia sob o viés da racialização neurótica dos povos. e concluiremos abordando os resultados destes processos políticos que forjam uma sociedade biopolitica que territorializa e pune corpos, e cria uma condição social que classifica as pessoas entre as que poder viver e as que merecem morrer, naturalizando e estatizando o darwinismo social através de racismos, xenofobias e guerras, instaurando um regime democrático de  apartheid denominado de Necropolítica.

 


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 423522 - ALIPIO DE SOUSA FILHO
Interno - 2415197 - FEDERICO SANGUINETTI
Externo ao Programa - 1031057 - LUCAS TRINDADE DA SILVA - UFRNExterno à Instituição - SUZE DE OLIVEIRA PIZA - UFABC
Notícia cadastrada em: 05/10/2022 16:33
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