ANTICOLONIALISMO E ANTIRRACISMO EM MARX
Karl Marx, Anticolonialismo, Antirracismo, Capitalismo, Acumulação Primitiva, Reificação.
O trabalho aqui apresentado tem por objetivo analisar os textos e os conceitos desenvolvidos por Karl Marx sobre o vínculo entre o modo de produção capitalista, o colonialismo e o racismo moderno. Sustenta-se no desenvolvimento do trabalho que Marx não foi um pensador alheio a estas questões, nem mesmo as tratou com descuido, pois, em sua análise geral do capitalismo, tanto o colonialismo quanto o racismo aparecem como elementos centrais que serviram ao processo de acumulação e expansão do capital. Argumenta-se que a dialética materialista marxiana, por ser o método de análise e exposição do autor, deve ser também o sedimento da leitura apropriada de sua obra. Esta perspectiva está atrelada a duas noções: a dialética marxiana é, enquanto Teoria que conduz a uma prática, o método que desnuda as opressões ocasionadas pelo capitalismo como também fornece a melhor compreensão sobre o sujeito capital, historicamente posto, e sobre a humanidade pressuposta, pressuposição esta fundamental para se pensar uma sociedade humana livre de opressões. Sustenta-se no decorrer do trabalho como Marx identificou, em sua principal obra, O capital, o colonialismo como parte essencial do processo de acumulação primitiva, sem o qual o capital não teria se desenvolvido e nem mesmo se expandido. O colonialismo já era identificado por Marx como violência e, por essa razão, já se apresentava uma postura anticolonialista em O capital. A partir de um diálogo aberto entre Marx e Silvia Federici, também se tratará a acumulação primitiva, processo sustentado pelo colonialismo, como um processo que reproduziu opressões, entre elas, a opressão racial. Aqui se destacará que o vínculo entre capitalismo, colonialismo e racismo moderno, destacado no século XX por Césaire e Fanon, também já aparecia na obra de Marx. O pensador alemão, embora não tenha desenvolvido uma teoria geral do racismo, já identificava que o capital se apropriara desta opressão, a partir do fenômeno da reificação, para prosseguir o seu processo de acumulação. Conclui-se que, no momento histórico de domínio do capital, a luta anticolonialista e antirracista é também a luta anticapitalista.