Michael Sandel e a ética do aprimoramento genético humano
Bioética. Aprimoramento genético humano. Bioconservadorismo. Michael Sandel.
O objetivo deste texto é analisar a crítica que o filósofo estadunidense Michael Sandel dirige às técnicas de aprimoramento genético humano, a fim de compará-la com a obra mais ampla do autor. Nesse sentido, esperamos mostrar algumas nuances do argumento de Sandel ignoradas por muitos de seus leitores, bem como apontar os limites de sua crítica, sugerindo que outras partes de seus escritos oferecem elementos que tornam a rejeição aos aprimoramentos genéticos por parte do autor menos radical do que pode parecer à primeira vista. Para tanto, iniciamos com uma brevíssima descrição do cenário tecnológico e filosófico em que se desenrola o debate em torno do aprimoramento genético humano (introdução), descrição que devemos estreitar e aprofundar no primeiro capítulo, ao lidarmos com o tema da eugenia liberal. Seguimos, no segundo capítulo, com uma breve avaliação da crítica dirigida contra esse movimento pelo filósofo alemão Jürgen Habermas. No terceiro capítulo, quando finalmente conhecermos a crítica de Michael Sandel ao aprimoramento genético humano, faremos uma incursão em suas ideias mais amplas sobre política, a fim tanto de fornecer um pano de fundo capaz de emprestar mais força ao seu posicionamento bioético quanto de sugerir que o próprio autor oferece as bases em que se pode dar uma recepção menos hostil às técnicas de aprimoramento.