A INVIABILIDADE DE UMA FUNDAMENTAÇÃO CIENTÍFICA DA ÉTICA: A PROPOSTA DE UMA ÉTICA DA CIÊNCIA À LUZ DO POSITIVISMUSSTREIT SOBRE A METODOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAS E AS SUAS IMPLICAÇÕES POLÍTICAS
Positivismo, Racionalismo Crítico, Teoria Crítica, Autonomia, Ciência
A partir do debate sobre o positivismo das ciências sociais na Alemanha, Positivismusstreit, é possível estabelecer que ao longo do debate foi discutido a relação entre os fundamentos epistemológicos e as implicações na ética. O racionalismo crítico, advogado por Karl Popper e Hans Albert, e a teoria crítica de Theodor Adorno e Jürgen Habermas corroboram na rejeição ao relativismo epistemológico, analisando o surgimento das ideologias políticas que visam estabelecer uma fundamentação científica da ética, que tem como consequência a dominação da autoridade do Estado e na alienação do contexto social-histórico da opinião pública. O racionalismo crítico exclui a influência da economia, estabelecendo os fundamentos de um método dedutivo puro que seria uma ciência neutra e objetiva: a lógica situacional. Esse método alicerçado na tradição crítica do princípio da falseabilidade seria responsável pelo progresso das ciências sociais, pois distinguiria essas ciências do dogmatismo das ideologias políticas que geram ações intolerantes na sociedade. Porém, para Adorno, esse método gera a instrumentalização da razão, pois o objetivo juízo da totalidade sócio-histórica é alienado ao valor subjetivo do mercado e na venda da força de trabalho. Apesar da discordância metodológica é possível aproximar as perspectivas, pois ambas rejeitam a fundamentação científica para a ética, demonstrando que isso faria da ética uma dominação ideológica, política e econômica. Por isso, é necessário reformular a questão da relação sobre os fundamentos epistemológicos e as suas consequências nas ações práticas.