PERCURSOS URBANOS: (RE) CONHECER O PATRIMÔNIO CULTURAL A PARTIR DO CAMINHAR NO CENTRO DA CIDADE DE FORTALEZA
Caminhantes, caminhabilidade, roteiros culturais de Fortaleza, percepção do patrimônio cultural.
O presente trabalho visa analisar a apreensão do patrimônio cultural ainda existente no Centro da cidade de Fortaleza, por participantes de percursos realizados a partir de roteiros estruturados por profissionais (grupos de guias e professores dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Geografia, História, Turismo e Psicologia Ambiental). Acredita-se que o ato de caminhar permite, através da lógica do tempo lento, perceber as transformações e permanências existentes na forma urbana das cidades. A hipótese do presente estudo é que, apesar das condições físicas e do descaso com os bens patrimoniais fortalezenses, é possível identificar nos roteiros definidos por percursos guiados, que apresentam as rugosidades da história da capital cearense, a contribuição para a legibilidade do patrimônio cultural. A pesquisa possui como universo o bairro Centro da capital cearense, lugar tradicional e marco dos primórdios da consolidação de Fortaleza como núcleo hegemônico do Ceará. Observou-se em um estudo anterior, “Um percurso sobre o patrimônio e a morfologia urbana do Centro de Fortaleza-CE (GOES, 2015)”, que apesar da região estar marcada pela descaracterização do seu patrimônio, ainda é possível traçar rotas de apreensão da história urbana fortalezense. Tem-se como referencial teórico-metodológico Margarida Andrade (2012), José Liberal de Castro (1987)/(1994), Clóvis Ramiro Jucá Neto(1993)/(2012), Maria Auxiliadora Lemenhe (1991), José Clewton do Nascimento (2013), Sebastião Ponte (2010), no que diz respeito à formação do patrimônio fortalezense. Gordon Cullen (2006), Maria Kohlsdorf (1996), José Lamas (2011), Philippe Panerai (2013)/(2014), Vicente Del Rio (1990), Aldo Rossi (2001) e Camillo Sitte (1992) como contribuições da forma e narrativa urbana. Walter Benjamin (1989), Henry-Pierre Jeudy (2010), Paola Jacques (2012a), José Clewton do Nascimento (2013) e Francesco Careri (2013b) como referências para a temática da apreensão urbana através do caminhar. Jeff Speck (2016) e Roberto Ghidini (2011) são autores que concedem uma abordagem sobre a caminhabilidade, conceituando-a e estabelecendo os principais elementos para analisar um lugar. Zulmira Bomfim(2003), Gleice Elali et al. (2011), Jan Gehl (2013a), Kevin Lynch (2006) e Denise Jodelet (2002) na construção do referencial da percepção do espaço. As discussões quanto ao turismo cultural e a proposição de roteiros significativos para os participantes foram fundamentadas apoiadas pelos escritos de Flavia Costa (2006), Herminia Vargas e Ricardo Paiva (2016). Françoise Choay (2006), Leonardo Castriota (2009), Flávio Carsalade (2014), Marcia Sant´anna (2004), Salvador Muñoz Viñas (2005), Natalia Vieira (2008), pela inserção no estudo do patrimônio, dentre outros autores, que fornecem subsídios para aprofundar a questão da preservação e da compreensão de áreas de valor patrimonial. O estudo está embasado em pesquisas bibliográficas, documental e principalmente na pesquisa de campo, fundamental para o entendimento da percepção patrimonial da área central da cidade. A pesquisadora acompanhou alguns percursos organizados por professores e guias históricos, com enfoque na apreensão da história da cidade, e constatou a importância da atividade para o reconhecimento do patrimônio cultural. Entretanto, observou-se que eles tinham um caráter essencialmente informativo, contribuindo pouco para a criação de narrativas com o lugar. Por fim, é apresentada uma proposta de percurso que almeja a possibilidade de construir vínculos entre os participantes com a história da cidade, concedendo um panorama de preensão das rugosidades existentes no Centro da cidade.