Escombros e Vestígios - Os debates sobre os arrasamentos nas reformas urbanas das cidades brasileiras (Rio De Janeiro, São Paulo e Recife no início do século XX).
Demolições, Representações, Sensibilidades, Melhoramento Urbanos.
Processos de modernização urbana amiúde caminham lado a lado a eventos de destruição – parcial ou total - do acervo construído da urbe. A partir das representações em disputa em torno dos eventos de demolição empreendidos no tecido urbano pode-se discutir o substrato para identificar as sensibilidades que afloram nestes casos. Os melhoramentos urbanos das cidades brasileiras executados no início do século XX compõem um horizonte já perscrutado dentro da História Urbana, portanto, esta pesquisa propõe uma nova perspectiva e abordagem, voltada aos eventos de demolição do acervo colonial, intentando ampliar o quadro de informações e reflexões sobre as representações oriundas destes casos com novos matizes. Deste modo, volta-se não apenas para colaborar para a História Cultural Urbana das cidades brasileiras, mas para apreender processos subjacentes, como a formação de sensibilidades hoje consolidadas (ou em processo de consolidação) em relação à preservação do acervo construído. Objetiva-se discutir as diferentes representações em disputa formuladas sobre os eventos de reforma e destruição do acervo construído das cidades brasileiras no início do século XX, ao mesmo tempo a formação de novas sensibilidades acerca do acervo construído das cidades e de sua preservação. Para tanto iluminam-se os casos de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, buscando compreender as especificidades destes processos assim como as mudanças de sensibilidades relacionadas ao conjunto edificado das cidades existentes. Os procedimentos realizados envolveram revisão bibliográfica acerca dos “eventos de reforma e destruição” sobre as cidades mencionadas, além da pesquisa documental empreendida em acervos físicos e digitais, onde foram compulsados documentos concernentes a estes eventos como: leis, mensagens administrativas, decretos, portarias normativas, planos, projetos, fotografias, pinturas, periódicos e guias de viagem. Os resultados, ainda que parciais, revelam que certos eventos de demolição tiveram seus debates silenciados enquanto outros envolveram mobilizações tais que transpunham os limites municipais e estaduais, apontando que a sensibilidade em torno dos elementos urbanos feições coloniais crescia na medida em que seus últimos remanescentes eram passíveis de desaparecer.