VALORAÇÃO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS COSTEIROS EM CENÁRIOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
capital natural; economia ecológica; ecossistemas costeiros; InVEST; vulnerabilidade
O cenário de mudanças climáticas e crescimento populacional nas zonas costeiras vem gerando perda de habitat e de serviços ecossistêmicos (SE) para populações litorâneas. Atualmente há pouco entendimento sobre o efeito destes fatores na distribuição e no valor dos SE de ambientes costeiros ao longo do tempo. Para entender a dinâmica de perda no suprimento de SE costeiros e sua correspondente perda em valores econômicos, nesta tese propusemos abordar estes assuntos ao longo de três capítulos. Os principais objetivos foram (1) mapear o viés de ambientes e SE costeiros mais valorados no mundo, bem como a distribuição de benefícios econômicos por eles gerados em relação à alguns indicadores de desenvolvimento humano e socioeconômico (CAP 1 - Global Distribution and Value of Coastal-Marine Ecosystem Services); (2) avaliar os efeitos das conversões de terra em um período futuro de 33 anos, sobre a dinâmica de prestação de serviços de Carbono Azul Costeiro por manguezais no Nordeste do Brasil (CAP 2– Effects of Land Use Changes on Blue Carbon Services in Northeast Brazilian Mangrove Areas); e (3) avaliar a vulnerabilidade e as mudanças temporais na paisagem costeira, medindo as taxas de erosão/acreção na costa e as perdas e custos econômicos da retração de longo prazo da linha de costa e perda de manguezais no Nordeste do Brasil (CAP 3- Coastal Protection Service Delivery in Northeast Brazil in Face of Sea Level Rise). Os resultados obtidos no Capítulo 1 indicam que a) os ecossistemas costeiros mais quantificados e valorados no mundo são zonas húmidas e manguezais; b) os SE mais valorados são recreação, pesca comercial e proteção costeira; c) os métodos de valoração mais utilizados são disposição à pagar e valores de mercado; d) os benefícios econômicos médios anuais totais dos SE costeiros observados em todo o mundo variaram de US$1,100 a US$77 bilhões; e e) existe uma relação positiva entre os valores económicos dos SE e os indicadores de desenvolvimento humano e socioeconômico (Produto Interno Bruto e Índice de Desenvolvimento Humano). Os resultados obtidos no Capítulo 2 indicam que a área e o carbono total armazenado dos manguezais do nordeste brasileiro podem diminuir em quase 35%, e 22.2% respectivamente até 2050, impulsionado em grande parte pela expansão de atividades salineiras e carcinicultura. O total de Sequestro Líquido de Carbono (SLC) poderia atingir cerca de 17.3 tCO2e/há/ ano, e o Valor Presente Líquido (2017) é de US$2,044.3/ha. Embora aparentemente não ocorram grandes variações nos valores de SLC entre períodos ao longo de 33 anos, valores altos de emissões de carbono (1,351.2 tCO2e/ha) poderiam ser observados durante o período 2017-2035. Os resultados obtidos no Capítulo 3 indicam que um terço da linha de costa está em processo de erosão e as previsões são de uma perda de 630,000 m2 de linha de costa até 2026. Os manguezais reduzem em 20% os níveis de vulnerabilidade costeira moderada-alta dos efeitos do aumento do nível do mar, enquanto protegem uma quarta parte da população total exposta. Caso a área total de manguezais for perdida, provavelmente essa proporção aumentará para metade da população, causando custos de mais de US$6.1bilhões (R$32.4 bilhões).