DEVELOPMENT AND VALIDATION OF A TOOL FOR PREDICTION OF ADVERSE DRUG REACTION IN NEONATES IN THE INTENSIVE CARE UNIT
Neonates; Intensive Care, Neonatal; Patient safety; Pharmacovigilance
Introdução: Reações Adversas a Medicamentos (RAM) são respostas prejudiciais e indesejadas dos medicamentos em doses normais de uso. Embora RAM sejam bastante comuns em neonatos hospitalizados, as ações de farmacovigilância neste público são ainda incipientes. Objetivo: Desenvolver e validar instrumento para estratificação de risco de RAM em neonatos internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Métodos: Este trabalho é dividido em três estudos observacionais e prospectivos executados entre janeiro de 2019 e abril de 2021 em uma maternidade pública de Natal/Brasil. Todos os neonatos admitidos na UTIN por mais de 24 horas foram acompanhados durante o tempo de hospitalização. As RAM suspeitas foram detectadas por meio de busca ativa em prontuários eletrônicos e análise de notificações espontâneas no sistema de farmacovigilância do hospital. Para o estudo principal, “pacientes-caso” foram pareados com dois controles selecionados aleatoriamente com base no tempo de internação e peso ao nascer. Um modelo de regressão logística multivariado será construído para identificar fatores de risco para RAM. A capacidade preditiva do modelo será avaliada pela construção da curva ROC e determinação da área sob a curva (estatística-c). Um terço da população amostral será usada para a validação do instrumento. Resultados: Um total de 450 neonatos foram incluídos no estudo principal, 150 agrupados em casos e 300 em controle. O segundo estudo acompanhou 600 neonatos, observando 118 crianças com 186 RAM suspeitas. A prevalência de RAM na UTIN foi 19,7% (IC95% 16,7 - 23,0%), com incidência de 310 casos por 1.000 neonatos (IC95% 267,8 – 357,0). As reações mais frequentes foram taquicardia (30,6%), poliúria (9,1%) e hipocalemia (8,6%). Tempo de hospitalização longo (OR 0,018 IC95% 0,007 – 0,029; p<0.01) e número de medicamentos prescritos (OR 0,127 IC95% 0,075 – 0,178; p<0.01) foram fatores associados a RAM. O terceiro estudo, que analisou o desempenho dos algoritmos de Du e Naranjo na avaliação da causalidade de casos suspeitos, mostrou que o primeiro algoritmo teve maior capacidade para identificar RAM definidas (≈60%), porém teve baixa reprodutibilidade (k global = 0,108; IC95% 0,064 – 0,149). Os algoritmos não tiveram correlação significativa quanto a classificação da causalidade de RAM (k global = -0,031; IC95% -0,049 – 0,065). Conclusão: Taquicardia, hipertermia, poliuria e hipocalemia são RAM bastante comuns em UTIN, com as duas primeiras predominando durante os primeiros dias de hospitalização e as duas últimas a partir da terceira semana.