MICROEMULSÃO CONTENDO CRISINA COM POTENCIAL AÇÃO ANTI-INFLAMATÓRIA E ANTINOCICEPTIVA
Flavonóides, crisina, microemulsões, cinética de liberação in vitro, atividade anti-inflamatória in vivo.
A Crisina (5,7-Dihidroxiflavona) pertence à classe flavona de flavonoides. É encontrada naturalmente em mel, própolis, e várias espécies de plantas, incluindo espécies do gênero Pelargonium, Passiflora e da família Pinaceae. A Crisina (CS) é atualmente comercializada como suplemento dietético e, como outros flavonoides, também exibe diversos efeitos farmacológicos, dentre os quais estão a atividade antinociceptiva e anti-inflamatória. Entretanto, sua eficácia tem sido limitada devido à sua baixa solubilidade aquosa e biodisponibilidade oral. As microemulsões (ME) são sistemas de liberação modificada definidos como sistemas termodinamicamente estáveis e isotropicamente translúcidos de dois líquidos imiscíveis, usualmente água e óleo, estabilizados por um filme interfacial de tensoativo, e quando necessário um cotensoativo. Estes sistemas possuem a capacidade de solubilizar compostos hidrofóbicos, melhorar absorção, biodisponibilidade e estabilidade, incrementar a eficácia e reduzir a toxicidade de fármacos incorporados. O objetivo deste trabalho foi desenvolver um sistema microemulsionado para incorporação da CS. A formulação obtida através de um diagrama de fase ternário foi caracterizada físico-quimicamente quanto ao pH, condutividade e índice de refração. Suas características estruturais e morfológicas foram analisadas através de espalhamento de luz dinâmica (DLS) e microscopia de luz polarizada (MLP). Enquanto, a estabilidade da formulação foi avaliada através dos estudos de estresse por centrifugação, aquecimento-resfriamento e congelamento-descongelamento. O perfil de liberação in vitro foi determinado utilizando o modelo de células de Franz e a atividade anti-inflamatória e antinociceptiva foi determinada através da técnica de indução de inflamação por carragenina. A ME desenvolvida é constituída por 5 % de miristato de isopropila, 55 % de água e 40 % de Labrasol ®, e apresentou pH compatível com a administração via oral, condutividade condizente com sistemas óleo em água, além de comportamento isotrópico. A distribuição de tamanho de gotículas foi do tipo monomodal e homogêneo, com tamanhos médios de gotículas de 170,7 ± 5,3 e 158,9 ± 26,7 nm, e potencial zeta negativo de -16,1 ± 1,9 e -10 ± 2,1, para formulações com e sem CS, respectivamente. A ME mostrou-se estável frente aos estresses térmicos e por centrifugação. A liberação in vitro da MECS obedeceu ao modelo cinético de ordem zero e apresentou atividade anti-inflamatória e antinociceptiva em inflamação induzida por carragenina. Portanto, pôde-se concluir que a veiculação da CS através de um sistema microemulsionado mostrou-se como uma alternativa interessante para expandir o uso desse flavonoide como um fármaco no tratamento da dor e inflamação.