Banca de DEFESA: DANIEL SOARES BRANDÃO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : DANIEL SOARES BRANDÃO
DATA : 14/12/2022
HORA: 10:00
LOCAL: Google Meet
TÍTULO:

Investigação das funções cognitivas do sono e dos sonhos através de eletroencefalografia, relatos verbais e jogos eletrônicos


PALAVRAS-CHAVES:

Sono, sonhos, EEG, ondas lentas, fusos corticais, microestados, presa, predador

 


PÁGINAS: 125
RESUMO:

O sono é um estado corporal e mental importante para a eliminação de toxinas geradas pelo metabolismo e para a consolidação de memórias. É um estado bastante conservado ao longo da evolução animal, sendo presente em todas as espécies de répteis, aves e mamíferos já estudadas, bem como diversos invertebrados. Por sua alta conservação evolutiva, é bem provável que o sono tenha exercido grande influência sobre a constituição dos diferentes comportamentos encontrados nos animais. A importância do sono para a consolidação de memória tem estabelecido o papel fundamental deste fenômeno para a melhoria do desempenho em tarefas. Além disso, recentemente demonstrou-se que o sonho também está envolvido no aperfeiçoamento da realização de tarefas. A Teoria de Simulação de Ameaças de Revonsuo e Valli (2000) propôs que o sonho teria sido selecionado ao longo da evolução por seu valor adaptativo, funcionando como alerta para a possibilidade de ameaças futuras. Teria sido a evolução dos distintos hábitos de presas e predadores influenciada pelo sono e/ou pelos sonhos? A investigação do papel do sono e dos sonhos na relações presa versus predador em humanos é bastante promissora, tanto pelo fato de humanos poderem comunicar o conteúdo dos sonhos que tiveram, quanto pela possibilidade de elaborar tarefas complexas usando jogos de videogame, que simulem situações presa versus predador que seriam difíceis de emular em modelos animais.

Nesse contexto, foram realizados experimentos com 15 duplas de voluntários, as quais vieram conjuntamente ao laboratório e tiveram a atividade cerebral registrada simultaneamente através de eletroencefalografia (EEG). Durante o registro, cada dupla engajou-se num jogo eletrônico interativo por 45 minutos, depois dispuseram-se a dormir por 2 horas e em seguida jogou novamente por mais 45 minutos. Durante o jogo, um dos participantes foi sorteado para atuar no papel de presa e o outro para atuar no papel de predador. A presa poderia abater o oponente apenas com socos, enquanto o predador dispunha também de uma arma de fogo. Portanto, o predador possuía grande vantagem na disputa direta com a presa, assim como ocorre na natureza. Os relatos de sonho dos participantes foram analisados através da opinião de 4 avaliadores independentes que revisaram os relatos de forma cega. Os avaliadores indicaram o grau de certeza de que o participante efetivamente sonhou e grau de clareza dessa lembrança; eles também definiram se os sonhos estavam relacionados ao jogo, ao laboratório, à vida pessoal, a ser presa e a ser predador. Os sinais de EEG foram analisados de maneira automática, através de algoritmos de processamento de dados desenvolvidos especificamente para esse estudo, adequando a sequência de transformações dos dados após inspeção visual dos resultados. Foram avaliadas a potência das oscilações em bandas de frequências características, as propriedades de oscilações lentas e dos fusos do sono, as características dos estágios do sono e escalas do sono. Foi também aplicada ao sinal de EEG uma técnica analítica que busca por padrões recorrentes de distribuição espacial da atividade elétrica; tais microestados estão relacionados às atividades de circuitos neurais específicos através das etiquetas “A”, “B”, “C“ e “D”.

Os resultados indicam que as presas relataram sonhar mais do que os predadores, e que a pontuação das presas esteve positivamente correlacionada com o quanto o relato de sonho estava relacionado com o jogo. As presas também foram mais beneficiadas do que os predadores por terem um sono mais profundo, o que também se correlacionou com a pontuação da presa. As presas tiveram maior potência em delta (1 a 3 Hz), que também favoreceu a pontuação da presa, principalmente através da amplitude das oscilações lentas durante o sono. Não foi encontrado qualquer efeito significativo para os fusos do sono. As presas tiveram seu desempenho prejudicado pelo número de ocorrências do microestado C, que está associado a ativações neurais não relacionadas especificamente com a tarefa proposta.

Em conjunto, os resultados sugerem que as ondas lentas durante o sono e o conteúdo dos sonhos relacionado ao jogo influenciam favoravelmente o desempenho dos participantes no papel de presa, mas não de predador. Uma possível explicação para esta dicotomia seria que o sono e os sonhos são importantes para a adaptação a situações desafiadoras, não sendo tão relevantes em situações às quais o indivíduo já se encontra adaptado.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 3086031 - DANIEL YASUMASA TAKAHASHI
Externo à Instituição - FELIPE BEIJAMINI - UFFS
Externo à Instituição - GUILHERME BROCKINGTON - UFABC
Externo ao Programa - 2998660 - MARIO ANDRE LEOCADIO MIGUEL - nullPresidente - 1660044 - SIDARTA TOLLENDAL GOMES RIBEIRO
Notícia cadastrada em: 24/11/2022 09:14
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