O FOGO EM ÉMILIE DU CHÂTELET: UMA PERSPECTIVA PÓS-ESTRUTURALISTA FEMINISTA DA HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS
Filosofia Natural; Pós-Estruturalismo; Émilie du Châtelet.
Estudos de caso históricos envolvendo a participação de mulheres no desenvolvimento do conhecimento científico têm sido enfatizados nas agendas de pesquisa atuais como forma de estimular uma ciência mais inclusiva e diversificada. Nesta pesquisa estudamos a história da filósofa natural Émilie du Châtelet, uma mulher da alta aristocracia francesa que viveu durante a primeira metade do século XVIII e a sua Dissertation sur la nature et la propagation du Feu (Dissertação Sobre a Natureza e a Propagação do Fogo). Este período é caracterizado pelo pensamento Iluminista, no qual as bases filosóficas eram contra a participação de Mulheres em assuntos que não fossem domésticos ou religiosos, apelando para o argumento de que elas seriam incapazes de usar a razão, característica natural atribuída unicamente aos homens. Nossa busca, análise e narrativa históricas são guiadas pela perspectiva pós-estruturalista feminista das ciências. Relacionamos alguns aspectos da vida e obras da marquesa às questões de gênero, dentro da referida perspectiva, em meio aos fatos biográficos e obras da Marquesa. A pergunta que conduz essa pesquisa é: como tais questões refletiram em sua obra de filosofia natural, em especial, sua Dissertação sobre o fogo? Para isto, nos apropriamos dos discursos pós-estruturalistas feministas, questionando as noções de representação, os valores supostamente universais de uma cultura eurocêntrica do Iluminismo, em particular a noção de direitos que são justificados nesta filosofia, e trazendo uma nova e polêmica perspectiva para a historiografia das ciências canônica.