EXPERIÊNCIAS DE LEITURA E ESCRITA NO ENSINO FUNDAMENTAL:
A CONTRIBUIÇÃO DAS NARRATIVAS LITERÁRIAS
Ensino. Leitura. Escrita. Narrativa. Experiência.
A exposição excessiva aos textos de linguagem mais objetiva e de comunicação instantânea disponíveis em meios digitais exerce alguma influência na produção escrita dos alunos do Ensino Fundamental no espaço escolar? O acesso às experiências de leitura através de narrativas literárias pode favorecer o desenvolvimento de outras habilidades de leitura e escrita mais complexas? Partindo dessas questões, desenvolvemos uma pesquisa social sob o paradigma qualitativo, conforme Bortoni-Ricardo (2008), de naturezas interventiva e interpretativista. O procedimento metodológico usado para a intervenção é a realização de oficinas de leitura e escrita a partir de narrativas literárias, desenvolvidas na Escola Municipal Deputada Maria do Céu Pereira Fernandes, da cidade de Goianinha/RN. O objetivo geral da pesquisa é construir experiências significativas de leitura literária a partir do acesso às experiências dos autores dos textos lidos, a fim de que, tendo o que dizer, os alunos desenvolvam satisfatoriamente a escrita de forma subjetiva e criativa. Assim, os objetivos específicos são: i) diagnosticar as práticas de leitura mais recorrentes para os estudantes e o impacto dos textos de comunicação imediata nas redes sociais na sua construção narrativa; ii) analisar os diferentes modos de dizer dos autores das narrativas lidas e suas implicações na construção de sentidos pelos alunos; e iii) promover produções escritas de narrativas literárias valorizando as experiências dos estudantes. Para isso, tomamos como aporte teórico a concepção dialógica da linguagem de Bakhtin (2004) e adotamos a concepção de indissociabilidade das práticas de leitura e escrita, bem como a distinção entre redação e produção textual, conforme Geraldi (2003; 2009; 2012; 2015). Partimos da definição de leitura rigorosa quanto à recuperação de pistas interpretativas do texto, conforme Riolfi et al (2014), mas também da definição de leitura subjetiva, de acordo com as contribuições teóricas de Rouxel et al (2013), a fim de chegarmos à produção de narrativas literárias em consonância com Dalvi et al (2013) e consideramos a necessidade de espaços na Escola para a experiência como aquilo que nos toca, de acordo com a noção de Larrosa (2017).