A vida como ela é...em resenhas produzidas por alunos do 5º. Período do EJA: transposição de gêneros entre oralidade e escrituralidade
vídeo-resenha; transposição de gêneros; oralidade e escrituralidade
Na década de 70, a investigação da oralidade obteve um novo impulso em várias disciplinas da linguística (tais como, Análise da Conversação, Linguística de Texto, Sociolinguística, Pragmática, entre outras) em virtude da ruptura com o imanentismo das escolas estruturalista e gerativista, conhecida como a “virada pragmática” na linguística. No Brasil, essa mudança de perspectiva motivou o surgimento de vários projetos que tinham por objeto científico a língua oral e, como resultado, a língua falada foi incluída como objeto de ensino nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Utilizando-se dos instrumentos teórico-metodológicos do Modelo de Tradições Discursivas e da Linguística de Texto (Koch/Oesterreicher 1990/2007; Kabatek 2006; Marcuschi 2001; entre outros), o presente estudo visa contribuir para a incorporação da oralidade às práticas de ensino, por meio da elaboração e execução de uma sequência didática (Dolz/Schneuwly, 1998), que, partindo da leitura coletiva de contos extraídos da obra A vida como ela é, de Nelson Rodrigues, busca promover atividades de transposição de gêneros textuais no contínuo de oralidade e escrituralidade (Koch/Oesterreicher 1990/2007), que resultarão na produção de vídeo-resenhas por alunos do 5º. Período do Ensino de Jovens Adultos (EJA). Incluindo os deslizamentos textuais no tratamento da oralidade e nos processos de retextualização (Marcuschi 2001), propõe-se aqui oferecer aos alunos subsídios para a aprendizagem de uma rede de variedades linguísticas e tradicionalidades do discurso no contínuo de práticas sociais. Após a execução da sequência didática, busca-se, ainda, verificar seu impacto por meio da análise das operações de transformações textuais entre a produção inicial/diagnóstica, a primeira versão da vídeo-resenha e a versão final (Marcuschi 2001). Os resultados da análise serão interpretados com relação a possíveis deslocamentos das produções dos alunos no contínuo de oralidade e escrituralidade em virtude da aprendizagem de novas tradicionalidades da língua e do discurso.