AS ORAÇÕES RELATIVAS OBLÍQUAS: UMA PROPOSTA DE TRABALHO COM A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Ensino de gramática; Relativas Oblíquas; Pronomes relativos; Intervenção pedagógica.
Preocupados com a situação do ensino de Língua Portuguesa, e mais especificamente com o ensino de gramática, e seguindo os pressupostos teóricos e a metodologia sistematizados em estudos recentes sobre a temática (COELHO; GÖRSK, 2009, VIEIRA, 2007; 2016; MARTINS, 2013; MARTINS; VIEIRA; TAVARES, 2014), propomos e aplicamos neste trabalho uma intervenção pedagógica para o trabalho com as orações relativas oblíquas no Ensino Fundamental (EF), numa turma do 9° ano da Escola Municipal Desembargador Silvino Bezerra Neto, da rede municipal de Parnamirim/RN. Nossas hipóteses de trabalho foram as de que: (1) os alunos do último ano do EF fazem uso apenas das orações relativas oblíquas cortadoras e copiadoras com o pronome lembrete, com uso quase categórico do relativo “que”, cortando a preposição exigida pelo verbo como prescreve a norma padrão; (2) o que esses alunos efetivamente não dominam (e nem aprendem na escola) são as diferentes estratégias de relativização, como conhecimento epilinguístico, e sua função como estratégia de coesão textual, assim como não aprendem o uso da relativa oblíqua padrão com a preposição. Diante de um quadro preliminar que confirmou as nossas hipóteses, aplicamos uma sequência didática a partir de atividades epilinguísticas, em que os estudantes foram incitados a criar conceitos e utilizar diferentes estratégias de relativização, de pronomes relativos e de orações adjetivas para depois compará-los com os conceitos trazidos por gramáticas tradicionais e livros didáticos. Foram ainda levados a produzir diferentes estratégias de relativização e diferenciar estruturalmente essas estratégias. Por fim, os alunos produziram textos escritos nos quais utilizaram os pronomes relativos oblíquos e as orações relativas adequadamente, seguindo a norma já por eles dominada e a norma padrão da língua portuguesa, tomando consciência, assim, da funcionalidade desses elementos na construção da coesão e coerência textuais e das diferentes normas associadas aos usos das orações relativas oblíquas no português brasileiro culto. Por fim, constamos que a aplicação da sequência didática voltada às estratégias de relativização e aos diferentes usos das relativas oblíquas resultou numa consciência nos alunos da pluralidade de normas em textos falados e escritos em diferentes situações de comunicação.