ATIVIDADES SOBRE FAKE NEWS EM LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Fake news. Livro didático. Linguagem. Letramentos.
Notícias falsas sempre fizeram parte da vida em sociedade, mas, somente no século XXI, passaram a ser conhecidas como fake news. Além da nova nomenclatura, ganharam maior velocidade de disseminação por causa da popularização da internet e, com isso, ampliaram também seu alcance e o poder de gerar efeitos variados em diferentes grupos sociais. A soma desses fatores fez com que as fake news se transformassem em um preocupante problema social. De fato, o mundo tem visto, com perplexidade, democracias ameaçadas, crescente discurso anticiência, reputações atacadas, negacionismo, revisionismo histórico e até mortes como consequência de notícias falsas. Um dos caminhos para reverter esse quadro é a sala de aula e, em especial, o desenvolvimento da leitura crítica. Ciente disso, a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) apresenta, entre suas competências para o ensino fundamental, o trabalho com a informação de maneira crítica, reflexiva e ética, a fim de subsidiar os estudantes brasileiros de elementos concretos para que não sejam enganados tampouco criem ou compartilhem fake news. A partir disso, nossa pesquisa, caracterizada como documental, qualitativa e interpretativista, levanta três questões: (i) como se caracteriza o fenômeno fake news em livros didáticos de Língua Portuguesa aprovados pelo PNLD 2020 e destinados ao nono ano do ensino fundamental? (ii) Que concepções de língua(agem), leitura, escrita e oralidade são adotadas nas atividades sobre fake news nos livros selecionados? (iii) Em que aspectos essas atividades se filiam ao que é requerido pela BNCC no que tange ao trabalho com o fenômeno fake news? No intuito de responder de modo satisfatório a essas questões de pesquisa, temos como objetivo geral investigar a abordagem do fenômeno fake news em livros didáticos e, como objetivos específicos: (i) analisar, nas atividades que tratam de fake news, que concepções de língua(gem), leitura, escrita e oralidade são requeridas; (ii) cotejar o trabalho com a linguagem proposto nessas atividades com o que é requerido pela BNCC quanto a tornar as fake news como um objeto de reflexão em sala de aula. Os fundamentos teóricos que conduzem esta pesquisa advêm da concepção de linguagem interacionista de Bakhtin (2003) e dos estudos de letramentos fundamentados em Street (2003,2014), Kleiman (1995, 2000, 2005), Oliveira (2010), Rojo (2012, 2013).