A produção de memórias no Ensino Fundamental: retextualizações e reescrita(s)
Sequência didática. Memórias. Retextualização. Reescrita(s).
Ao considerar as práticas que norteiam o ensino de produção textual como também buscando um ensino que vá “além da gramática normativa”, este trabalho apresenta a análise das memórias produzidas a partir da aplicação de uma sequência didática, em uma turma do 7º ano, em uma escola estadual, na cidade de Natal (RN). Assim, ressignificando as práticas pedagógicas com o intuito de desenvolver competências e habilidades linguísticas, percorremos sete fases constituídas por atividades dispostas a promover, em especial, a competência escritora dos alunos envolvidos, em diferentes níveis. Para subsidiar o trabalho, utilizamos o modelo de sequência didática apresentado por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2011). A escolha do gênero memórias surgiu por esse ser um dos gêneros solicitados na 5ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro e, em especial, por dificuldades reveladas nas produções dos alunos em edições anteriores do programa. Nesse sentido, a proposta focaliza o trabalho sistemático com a retextualização de textos que dão base ao conteúdo das memórias e tem como objetivo geral contribuir com reflexões acerca do ensino-aprendizagem de produção textual. O referencial teórico que norteia esta dissertação encontra-se pautado em estudos sobre concepções de linguagem realizados por Antunes (2003), Geraldi (2012), Koch (2006), Koch e Elias (2011, Marcuschi (2010); sobre o ensino-aprendizagem de produção textual, a partir de Bunzen (2006), Koch (2006) e Marcuschi (2011); em concepções de gênero textual/discursivo, apresentados por Bakhtin (2011), Dolz, Noverraz e Schneuwly (2011), Marcuschi (2010) e Wachowiez(2012); em abordagem do gênero memórias, por Altenfelder e Clara ([2016]), Köche e Boff (2009); em conceito de memória discutido por Bosi (1979), Brandão (2008), Le Goff (2013), Maciel (2004), Prado e Soligo (2007); nas relações entre oralidade e escrita apresentadas por Marcuschi (2007); em discussões acerca de retextualização, apresentado por Dell’Isola (2007), Marcuschi (2010), Matencio (2002) e Silva (2013); e de reescrita, por Matencio (2002). Trata-se de uma pesquisa-ação, de natureza qualitativa, cujo foco é a análise de retextualizações de entrevistas prévias que os participantes (alunos) da pesquisa realizaram com moradores de sua comunidade para a escrita de memórias. A análise bem como a reescrita apontam nas memórias produzidas, a apropriação do conteúdo relatado por meio das entrevistas, assim como uma adequação ao gênero memórias no que diz respeito à estrutura composicional. Contudo, aspectos linguísticos referentes ao gênero em estudo merecem atenção na produção inicial, sendo melhorados na produção final. Além disso, os participantes também vivenciaram vários eventos: aula de campo, premiação (Fase escolar da OLP), entre outros. Verificamos, assim, a importância de proporcionar aos alunos práticas sociais que ultrapassaram os muros da escola, promovendo uma educação para a vida.