ENSINO DE LITERATURA, POESIA E ECOLOGIA: TRÍADE NA ARTE DE HUMANIZAR
Ensino. Letramento literário. José Paulo Paes.
Na perspectiva de contribuir com os estudos realizados sobre Literatura e Ensino, utilizando como instrumento o texto poético, especificamente a poesia-natureza de José Paulo Paes, nossa pesquisa buscou refletir sobre a necessidade da Literatura no contexto escolar, como um caminho para a apreensão de novos conhecimentos. Partindo da análise do ensino da literatura e seu propósito em sala de aula, sua pertinência social na formação da consciência crítica e cidadã do aluno, escolhemos o poeta referenciado, pois ele revela uma atitude frente ao mundo civilizado, da técnica e racionalidade, e à vida, no tocante à temática da natureza. Mostra ser possível recolher, na simplicidade do cotidiano, fragmentos de beleza e encantamento. Uma poética, cujo discurso revela-se como instrumento de antagonismo e crítica social, conduzindo os leitores à reflexão das práticas habituais e mudança de atitude no cuidado com a natureza, o ambiente e o mundo. Uma temática de valor imensurável às sociedades modernas e à humanidade, pois, parafraseando Hamburger (2007), é impossível assistirmos, passivamente, aos avanços técnicos que podem causar a destruição da natureza e de toda a civilização neste planeta. Compreendendo a literatura, segundo Candido (2004), em sua função edificadora e restauradora da palavra que nos humaniza e como caminho para o equilíbrio social, constatou-se que os poemas desse autor apresentaram a função humanizadora e funcionaram como instrumento de linguagem capaz de fazer o educando refletir acerca da vida social moderna ou do mundo de racionalização que ela institui, sendo capaz de reagir à essa civilização. Considerando o ensino de literatura uma importante ferramenta na formação de um sujeito sensível e inteligente, também a leitura e a escrita meios de ascensão intelectual e humana do indivíduo, nossa análise procurou elucidar essa e outras questões, por meio da aplicação do texto poético na sala de aula. Adotamos como metodologia a sequência básica, de Cosson (2014), que sugere as etapas: motivação, introdução, leitura e interpretação. Este trabalho tomou como âncora de fundamentação Compagnon (2009), Candido (2004), Cosson (2014), Bosi (2013), Todorov (2009), Hamburger (2007) e Williams (2011). Durante o desenvolvimento das atividades, adotou-se a natureza como categoria analítica e objeto de reflexão junto aos alunos dos 8ºs anos A e B, do Ensino Fundamental II, da Escola Municipal Antônio Peixoto Mariano, localizada no município de Nova Cruz, na Região Agreste do Rio Grande do Norte. O evento de letramento literário foi realizado nessas referidas turmas. Concretamente, iniciamos com poemas Paraíso e Raridade. Os alunos participaram de atividades de leitura e produção de textos, orais e/ou escritos, a partir de exercícios diversificados até o compartilhamento das interpretações e sentidos construídos individual e coletivamente, para aprimorar e expandir seus horizontes de leitura e escrita. Assim, em função dos dados gerados, apresentamos a teia de atividades/competências desenvolvidas que constataram ser esse o caminho de contribuição possível para ressignificar o ensino. Durante o processo de intervenção junto aos alunos das turmas mencionadas, experimentamos outros sentidos para a presença da Literatura na educação básica, sobretudo no Ensino Fundamental, minimizando o desconhecimento sobre o campo literário e tornando mais potente a vivência expressiva e composicional de produção da escrita poética. Como resultado dessa experiência, os alunos produziram seus escritos poéticos em forma de antologia.