A tessitura da memória em O vendedor de passados de José Eduardo Agualusa
O vendedor de passados; José Eduardo Agualusa; Memória.
O presente estudo tenciona refletir como a memória, enquanto elemento social, torna-se um agente interno na estrutura narrativa de O vendedor de passados (2004), do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Tal análise será construída de forma a estabelecer um processo dialético entre as categorias ficcionais do romance e o panorama histórico-social do cenário da Luanda pós-independência, referido pelo texto. Para tanto, tem-se como aporte o método crítico desenvolvido por Antonio Candido (1976), no tocante à crítica dialética, a fim de se perceber de que maneira tal reminiscência atua na composição do romance, no que se remete a relação com elementos tanto estruturais como temáticos. Análise essa a ser elaborada diante de um conjunto de lembranças vendidas e ficcionalizadas que suspendem a noção de realidade ante a figura de um vendedor de passados. Além disso, serão realizadas referências a estudiosos como Hampaté Bâ (1970), Laura Padilha (2007) e Tânia Macêdo (2008) para a observação das especificidades do contexto africano vivificado no romance, bem como das características da literatura africana de língua portuguesa.