Um ser (tão) de vozes: o estilo e o acabamento estético na poesia de Patativa do Assaré
Enunciado, estilo, relações dialógicas, vozes sociais, acabamento estético.
A produção artística Cante lá que eu canto cá (2004) do poeta cearense Patativa do Assaré se constitui em corpus de nossa pesquisa, que tem como objeto de estudo o estilo na lira patativiana. Enveredar pelo caminho do estilo e nos lançarmos nesse sertão da escritura patativiana, deve-se ao fato de a obra do poeta de Assaré estar prenhe de sentidos de identidades próprias de sua região como também das diferentes vozes constituidoras de sua vocalidade poética. Pretendemos investigar, em sua materialidade linguístico-discursiva, como o poeta constrói o seu estilo. Em outras palavras, verificar de que forma ele dá acabamento estético ao seu dizer poético (sua voz e a voz alheia), ao seu canto patativiano. Nossa análise será alicerçada pela concepção de sujeito e de relações dialógicas entre textos, conforme concebe Bakhtin (1992, 2003, 1995). Para esse teórico, o reconhecimento do sujeito e do sentido é imprescindível para a constituição de ambos. Com o intento de discorrer sobre as diferentes vozes constituidoras da linguagem do poeta, teremos como paradigma a LA e a perspectiva dialógica da linguagem segundo Bakhtin (2003), pois acreditamos que, por meio dessas abordagens, seja possível relacionar o mundo da ciência ao mundo da vida. Elegemos, para análise, as concepções de estilo, de vozes e de relações dialógicas. Devido à pesquisa apresentar interface entre a LA e a Literatura, adotamos como abordagem metodológica a pesquisa documental tendo como base o modelo sócio-histórico da linguagem, entendendo esta compreendida como uma prática discursiva. Nesse tipo de investigação, o conhecimento é reconhecido como algo construído na interpretação da linguagem. Dessa forma, o procedimento não poderá excluir nem as relações sociais nas quais a linguagem é produzida, nem o mundo social que (in) determina, interfere, representa, interpenetra, ou até reformula essa linguagem, nem tampouco o caráter indisciplinar que a pesquisa exige.