DA SULBATERNIDADE À RESSIGNIFICAÇÃO: a (tecno) carnavalização à guisa da web 2.0 em stickers-libras
Sticker-Libras; Tecnogênero; Tecnografia; Carnavalização;
Ressignificação Digital.
Com a guinada da Web 2.0, as redes sociais passaram por uma efervescência de
mensagens reticulares que resultaram em novas “escrileituras”, bem como novos
gêneros discursivos. O digital passa a incluir, então, não somente aqueles que se
comunicam por línguas cuja produção e recepção ocorrem pelo registro escrito
ancorado no som, mas abrange o universo de surdos usuários de língua de sinais, no
caso em questão da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Por possuir modalidade
linguística que incide na visuoespacialidade, amalgamam-se questões culturais,
sociodiscursivas e valores axiológicos entrelaçados a sujeitos surdos e suas
idiossincrasias. Decerto que este trabalho se apresenta com revisões bibliográficas de
diversas interfaces; mas busca, sobretudo, problematizar a produção, circulação e
interpretação dos stickers-Libras e especificamente se propõe a (I) corroborar que se
trata de um tecnogênero, (II) que há feixes de regularidades e (III) que possibilita o
advento de uma tecnografia da Libras. O construto teórico alicerça-se, precipuamente,
na tripartite epistemológica: (tecno) carnavalização, à luz do círculo bakhtiniano;
Ressignificação digital, enviesada pela Análise do Discurso Digital (ADD), proposta
por Marie-Anne Paveau (2017, 2019, 2021) e com cotejos dos Estudos queer em
linguística aplicada e indisciplinar (LOPES et al., 2022). Em se tratando de percurso
metodológico, como pano de fundo, recorreu-se a etnografia digital (HINE, 2004, 2016;
VALLADA et al., 2022). E para fins de explorar os stickers-Libras, optou-se pela rede
social WhatsApp, enquanto locus de pesquisa, haja vista que se trata da plataforma de
mensagens instantâneas (MI) mais popular do Brasil. Desta feita, foram selecionados
três grupos: (1) um grupo onde a maioria são sujeitos surdos e LGBTQIAP+, (2) um
grupo de profissionais da Educação de diversos estados brasileiros e por último, (3) um
grupo de simpatizantes pelas políticas da Esquerda brasileira. O fator comum entre os
três é que todos são usuários da Libras. No que cerne ao registro dos enunciados
(tecnotextos) sinalizados nos stickers-Libras, os screenshots (capturas de tela)
possibilitaram subsidiar suas análises. Ressalvas para os enunciados de stickers-Libras
animados que careceram de mais de um registro e, à vista disso, foi inserido um
hiperlink dando acesso ao Youtube. Perante as análises de dados, observou-se que
questões político-partidárias se sobressaíram e influenciaram a maior parte dos
tecnotextos. Depreende-se que isso se deveu ao fato de suas produções e circulações
terem sido realizadas em cronotopo (Bakhtin, 2018) de ano eleitoral. Sumariamente,
nesse entremeio, constatou-se que havia recorrência de responsividade por meio de aviltamentos com uso do baixo corporal e do grotesco, além de contradiscursos ressignificando a ciberviolência ou ainda, um consenso entre ambos. As manifestações linguajeiras, do tecnogênero apreciado, presentificaram-se em performances discursivas – num corpo(reificado), pós-orgânico –, entextualizando o outro numa relação dialógica e dialética, adentrando a seara do pós-dualismo.