ISPINHO E FULÔ: O CRONOTOPO DA DOR E DO AMOR NO SER (TÃO) DE VOZES NA POESIA DE PATATIVA DO ASSARÉ
Cronotopo; vozes sociais; relações dialógicas; acabamento estético.
A produção artística Ispinho e fulô (2005), o terceiro livro de Antônio Gonçalves da Silva — Patativa do Assaré — livro publicado originalmente em 1988, se constitui em corpus de nossa pesquisa, que tem como objetivo estudar o cronotopo na configuração da obra do poeta no contexto político-midiático. Enveredamos pelo ser(tão) patativiano para analisar a conexão intrínseca das relações temporais e espaciais, conhecida pelo termo cronotopo, analisar as diferentes vozes constituidoras de sua vocalidade poética, e analisar, em sua materialidade linguístico-discursiva, como o poeta constrói seu estilo e como ele faz “a limpa” do acabamento estético de sua materialidade discursiva. Nossa perspectiva será alicerçada pela concepção de sujeito e de relações dialógicas entre textos, conforme concebe Bakhtin (1992, 2003, 1995). Para esse teórico, o reconhecimento do sujeito e do sentido é imprescindível para a constituição de ambos. Palmilhar a sertaneidade patativiana demanda discorrer sobre as diferentes vozes constituidoras da linguagem do poeta, para tanto, o marco de nosso “roçado” é o paradigma da Linguística Aplicada e a perspectiva dialógica da linguagem, segundo Bakhtin (2003), uma vez que, acreditamos, por essas abordagens, matizar o mundo da ciência com mundo da vida, resultará em “frutos” bastante promissores. Colaborando para que o nosso “plantio” tenha êxito, adotamos como abordagem metodológica, a pesquisa qualitativo-interpretativa e tomamos, como base, o modelo sócio-histórico da linguagem, entendendo a linguagem como prática discursiva. Neste “manejo de plantio” o conhecimento é reconhecido como algo em movimento, sempre construído na interpretação da linguagem — Não há assunto tão velho que não possa ser dito algo de novo sobre ele — Fiódor Dostoiévski (1821-1881). Dessa forma, o procedimento poderá incluir as relações sociais nas quais a linguagem é produzida, o mundo social com profundidade, largura e altura suficientes para garantir a adequada cobertura da linguagem/semente que germinará (in)determinando — interferindo, representando, interpenetrando, ou até reformulando — ela própria, fornecendo o “suplemento nutricional”, a saber, caráter indisciplinar que a pesquisa exige para florescer.