A MULHER NOS RECÔNDITOS DO MODERNISMO NATALENSE: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE GÊNERO NO ROMANCE ‘GIZINHA’, DE POLYCARPO FEITOSA
Tradição. Modernismo. Literatura Potiguar. Crítica Feminista. Representação social. Identidade.
O presente estudo objetiva realizar uma leitura do romance Gizinha (1930), do escritor norte-rio-grandense Polycarpo Feitosa, a partir da experiência da mulher, propondo novos significados ao texto literário e ampliando, consideravelmente, a sua potencialidade. Pretende-se, desse modo, analisar a construção do feminino no cenário modernista, investigando-se como os papéis sociais exercidos pelas personagens do romance Gizinha são reflexos da mudança de mentalidade dessa sociedade em transição, no contexto do Rio Grande do Norte. A partir disso, busca-se confirmar se o romance constrói uma representação de identidade da mulher que contribua para empreender uma discussão sobre a permanência de temas e tensões dominantes na literatura norte-rio-grandense, de modo a caracterizar como as tradições regionais interagem no processo de construção do sentido do moderno. Para a compreensão da temática escolhida, é preciso considerar a literatura sob uma perspectiva histórica. Assim, este trabalho dialoga com as orientações teóricas de Le Goff (2013) e Paz (1984), sobre a dicotomia estabelecida entre tradição e modernidade; de Candido (2017a, 2017b; 2019) e Bueno (2006), para o estudo das influências do modernismo no contexto nacional e regional brasileiro; de Araújo (1995; 2022) e Ferreira (2000; 2008), no tocante às repercussões do movimento modernista no espaço do Rio Grande do Norte; de Showalter (1994) e Moi (1999), para o estabelecimento das bases fundadoras da crítica feminista; de Lauretis (2019) e Woodward (2014), no que se refere à construção cultural das identidades.