“NÃO HÁ NADA DE ERRADO CONTIGO”
A revisitação aos estereótipos e a inscrição da existência lésbica em Amora, de Natalia Borges Polesso
Mulheres. Estudos de gênero. Dissidência. Lesbianidades. Amora.
À luz da crítica feminista e dos estudos de gênero, esta dissertação tem como objetivo analisar as representações e os estereótipos das lesbianidades nos contos “Flor, flores, ferro retorcido” e “Vó, a senhora é lésbica?”. Ambas as narrativas compõem o livro de contos intitulado Amora, publicado em 2015, da escritora Natalia Borges Polesso, que tem por fio condutor histórias de mulheres lésbicas em suas diversas vivências e performances. Na pesquisa, investigamos as maneiras pelas quais Polesso, através da construção das suas personagens, tensiona estereótipos contidos nos imaginários sociais para construir representações plurais das dissidências. A pesquisa discute, ainda, a potência do discurso da escritora, enquanto um viés subversivo dos usos hegemônicos da linguagem no campo literário, ao inscrever em Amora a existência lésbica. Para isso, refletimos a partir da crítica feminista contida em Bonnet (1995), Lauretis (1994), Rich, (2010) e Wiitig (2006), lançando um olhar às construções que a autora faz das personagens lésbicas e dos estudos de gênero cunhados por Butler (2010), Foucault (1999) e Louro (2020), buscando compreender como os aspectos das construções sociais de sexualidade e gênero são engendrados nos contos. Apoiamo-nos, também, a fim de melhor discutir estereótipos, imaginários e representações sociais em Charaudeau (2017) e Moscovici (2015). Diante das análises e discussões dessa pesquisa, compreendemos a importância da obra de Polesso para a construção de um cenário literário brasileiro mais plural e dissidente, que pauta múltiplas mulheres, vivendo sexualidades múltiplas.