Abordagem funcional centrada no uso da construção modalizadora com ficar de, estar para, ter de e haver de + infinitivo
Modalidade. Linguística Funcional Centrada no Uso. Gramática de Construções
Neste trabalho, investigo a construção modalizadora com ficar de, estar para, ter de e haver de + infinitivo, com o intuito de caracterizá-la formal e funcionalmente, considerando aspectos morfossintáticos, semântico-cognitivos e discursivo-pragmáticos implicados em suas instâncias de uso. Para isso, ancoro-me nos pressupostos da Linguística Funcional Centrada no Uso, conforme Furtado da Cunha, Bispo e Silva (2013), Furtado da Cunha e Bispo (no prelo), a qual incorpora contribuições da Gramática de Construções na linha de Goldberg (1995), Croft (2001), Traugott e Trousdale (2013), Hilpert (2014) e outros. Em termos metodológicos, a pesquisa apresenta viés qualiquantitativo e possui natureza descritivo-explicativa. O banco de dados é composto de ocorrências retiradas do Corpus do Português on-line, mais especificamente da seção Web/Dialetos. Os resultados preliminares mostram que, nos padrões construcionais investigados, ficar, estar, ter e haver perderam suas características de verbo pleno, predicador, adquirindo funções de verbo auxiliar. No que concerne à quantidade de types, o padrão mais recorrente foi ter de + infinitivo, seguido por haver de + infinitivo, estar para + infinitivo e ficar de + infinitivo. Em relação aos aspectos funcionais, verifiquei que os sentidos veiculados pela construção estão relacionados a noções de compromisso, obrigação, necessidade e iminência quanto à realização de um fato, ligados, na maioria dos casos, à modalização deôntica. Por fim, constatei que todos os padrões construcionais são licenciados pelo esquema [V1fin. + prep. + V2inf.].