A representação da identidade de fronteira em Samba Dreamers, de Kathleen de Azevedo, e Ocotillo Dreams, de Melinda Palacio: uma análise sob lentes dialógicas
Samba Dreamers. Ocotillo Dreams. Círculo de Bakhtin. Formação Ideológica. Fronteira.
A visão dos Estados Unidos da América como uma terra de riqueza e oportunidades fez com que o país se tornasse o destino de imigrantes de todo mundo, gerando diversas comunidades, além de comunidades literárias. Dado que a ciência da literatura estabelece um vínculo estreito com a história cultural e social (BAKHTIN, 2017), analismos duas obras da literatura Norte-Americana contemporânea de minorias, a saber, os romances Samba Dreamers (2006), da autora Brasileiro-Americana Kathleen de Azevedo, e Ocotillo Dreams (2011), da autora Mexicano-Americana Melinda Palacio, por meio dos estudos do Círculo de Bakhtin (Bakhtin, Volóchinov e Medviédev). Buscamos confrontar o processo de construção das identidades das personagens, bem como observar a representação da fronteira na arquitetônica das obras (BAKHTIN, 2010). Esta pesquisa bibliográfica tem sua metodologia respaldada na análise sociológica de Volóchinov (2019) e Bakhtin (2015), na qual a análise parte da pura essência verbal para a significação social no contexto concreto das obras. Além da discussão teórica acerca de identidades e fronteira, os resultados desse estudo comparativista/dialógico entre os romances evidenciaram a formação identitária das personagens na vivência da fronteira linguística, por meio do recurso code-switching, fronteira de gênero, representada pelas respostas ativo-dialógicas das personagens frente à exotização, e na fronteira de ancestralidade, isto é, no embate dialógico entre discursos autoritários e interiormente persuasivos diante da relação com suas mães. Tais resultados trazem contribuições não só para a fortuna crítica das obras, como também para as discussões sociais que suscitam, além dos estudos do próprio dialogismo e da análise literária.