MANOEL DE BARROS: A INFÂNCIA COMO PROCEDIMENTO DA LINGUAGEM POÉTICA
Manoel de Barrros; Poética da Ordinariedade; Infância; Modernismo; Poesia Brasileira.
Este trabalho tem por objeto a obra do poeta Manoel de Barros. Especificamente, a pesquisa pauta-se no que o próprio artista e a crítica especializada, como Lima (2001), Waldman (1991), Campos (2006), entre outros, denominaram “Poética da Ordinariedade”, a qual se configura pela exaltação de elementos considerados – até certo ponto – rasteiros, menores: o lixo, os loucos, os bêbados, os andarilhos, os insetos. Nossa hipótese principal é a de que essa linguagem peculiar que tece odes ao ordinário só se sustenta por conta da presença constante da infância, base de todo o seu fazer poético. Além disso, levantamos também a tese de que essa dicção particular foi completamente paramentada pelo Modernismo. Como a infância é a temática a ser explorada nos textos de Manoel de Barros, buscamos suporte em algumas áreas do saber acerca dessa idade, principalmente, em estudos que refletem acerca da criança de nossa realidade brasileira, como os feitos por César Freitas (2006); e os estudos que visam uma apreensão geral dessa fase da vida, como William Corsaro (2011). Sendo assim, é importante salientar que os Estudos Comparados norteiam esta empreitada, na medida em que buscamos associações e dissociações entre textos literários de autores distintos, mas nos apoiamos também no entendimento de várias áreas do saber, em função do próprio caráter plurifacetado da noção de infância, a qual se dimensiona pelas inúmeras interfaces que cria com outras contribuições reflexivas das Humanidades. Dessa forma, encontramos respaldo nas ponderações de Machado e Pageaux (1988), Sandra Nitrini (2010), como também nos estudos do texto literário propostos por Adam e Heidmann (2011), que visam uma ótica comparatista, discursiva e interdisciplinar. Além disso, pretendemos compreender o artista inserido no contexto do Modernismo, não só através da historiografia literária (BOSI, 2006; COUTINHO, 2005), mas também por meio de estudos, de missivas e de manifestos que discutem o período e por meio do corpus artístico de alguns nomes que possuem sua importância dentro da tradição modernista ocidental, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Carlos Drumonnd de Andrade, Manuel Bandeira, Charles Baudelaire, Artur Rimbaud, Pablo Picasso e F. T. Marinetti.