A CONSTRUÇÃO DE ESTRUTURA ARGUMENTAL COM VERBOS DE COGNIÇÃO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Estrutura argumental. Verbos de cognição. Linguística Funcional Centrada no Uso.
Este trabalho se debruça especificamente sobre os verbos do subtipo de cognição, os quais correspondem a um dos subtipos de processos mentais, ao lado dos processos de percepção, de afeição e de desejo (HALLIDAY, 1985; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004). Os processos mentais de cognição estão relacionados à decisão, à consideração ou à crença, à memória e à compreensão e podem ser expressos por verbos como decidir, considerar, achar, supor, crer, acreditar, confiar, imaginar, lembrar, esquecer, saber, descobrir, entender, conhecer e pensar. O corpus da pesquisa é composto por textos orais e escritos de alunos do ensino médio, extraídos do Corpus Discurso & Gramática: a língua falada e escrita na cidade do Natal (FURTADO DA CUNHA, 1998). O objetivo geral é identificar a construção de estrutura argumental prototípica com os verbos de cognição no português do Brasil. O suporte teórico adotado é o da Linguística Funcional Centrada no Uso, um modelo teórico-metodológico que absorve princípios, processos e categorias integrantes da Linguística Funcional Norte-americana e da Linguística Cognitiva. Os resultados obtidos apresentaram dezessete verbos utilizados para expressar os processos mentais de cognição, permitiram a identificação da construção de estrutura argumental com verbos de cognição no PB e de três subesquemas dela derivados, dentre os quais um é instanciado na grande maioria dos construtos e se configura, portanto, como a estrutura prototípica desse tipo de verbo. Constatou-se, ainda, que os verbos de cognição implicam a existência necessária de dois argumentos: um sujeito humano experienciador e um objeto, que corresponde ao fenômeno experienciado na mente do sujeito e pode assumir diferentes configurações linguísticas, a depender da influência de motivações linguísticas, cognitivas e interacionais.