A intercompreensão de Línguas Românicas como ferramenta geradora de mudança na escola pública: uma perspectiva de trabalho colaborativo através das famílias de línguas
Intercompreensão, Didática do Plurilinguismo, Formação docente, Mudanças em sala de aula, Escola pública.
Esta pesquisa, situada no âmbito da Linguística Aplicada, referenciada pela Intercompreensão de Línguas Românicas e orientada para formação docente, objetivou investigar se alunos da disciplina de Intercompreensão de Línguas Românicas e participantes do I Colóquio de Intercompreensão, realizado em Natal, no ano de 2013, estão fazendo uso dos conhecimentos adquiridos sobre a temática intercompreensiva em sala de aula. Situada na dimensão plurilíngue, no trabalho com a intercompreensão, procura-se desenvolver estratégias de compreensão entre línguas da mesma família linguística. Tomando por referência alguns teóricos da abordagem intercompreensiva: Beacco et al (2015); Caddéo e Jamet (2013); Candelier (2007); Capucho (2010); Dégache (2006); Meissner (2008); Andrade, Martins e Pinho (2011), este estudo, que enfatiza o contexto brasileiro, traça um breve panorama histórico da intercompreensão, inserindo-a na Didática do Plurilinguismo, um projeto de educação e de formação para e pela diversidade cultural e linguística. Com o propósito de conhecer o contexto e as especificidades dos participantes da pesquisa, toma-se também por referência alguns estudiosos com trabalhos direcionados à formação de professores em geral: Almeida Filho (2008); Demo (2007); Freire (2011); Gadotti (2013); Iosif (2007); Libâneo (2012); Nóvoa (2009, 2012); Salviani, (2009). De abordagem qualitativa, natureza aplicada, objetivo exploratório e descritivo, procedimentos bibliográfico e de campo (GERHARDT e SILVEIRA, 2009), esta pesquisa adotou como instrumentos o questionário (QUIVY e CAMPENHOUDT, 1998) e a entrevista (BARDIN, 1979). A partir da discussão dos dados, percebe-se que falta à maior parte dos sujeitos uma visão aprofundada do tema. Em geral, os participantes associam o trabalho prático com a intercompreensão à obrigatoriedade de saber línguas estrangeiras. Além disso, esse grupo de sujeitos demonstra a necessidade de mais formação docente por sentir-se inseguro para desenvolver atividades a partir da temática intercompreensiva. Observa-se ainda que muitos sujeitos se posicionam como responsáveis pela transmissão de conteúdos aos alunos. No plano das considerações finais, sob o viés do referencial teórico e de algumas considerações filosóficas (MORIN, 2003, 2011), pode-se concluir que, se os professores, assim como os seus formadores, estiverem comprometidos com uma formação humanitária, voltada ao respeito pelas línguas-culturas; se estiverem dispostos a refletir sobre uma concepção de educação centrada na interação entre educador e educando, sobre uma concepção interacionista de língua, sobre uma concepção menos hierárquica entre línguas ou entre variações de uma língua, mediante acompanhamento sistemático da prática docente, é possível utilizar a intercompreensão como uma ferramenta geradora de mudanças nas salas de aula das escolas públicas norte-rio-grandenses.