O PAPEL QUE FALA: A POÉTICA DA ORALIDADE EM TEXTOS DE CORDÉIS
Oralidade. Tradição Discursiva. Cordel. Figuras de Linguagem. Fórmulas fixas.
"O papel que fala: a poética da oralidade em textos de cordéis” apresenta uma discussão da pesquisa, cujo objetivo é a investigação de como a oralidade opera em textos de cordéis, evidenciando a reiterabilidade e a movência presente no gênero, como presença marcante na produção do texto. Para isso, analisamos um conjunto de 100 cordéis, patrocinados pelo grupo Petrobrás de incentivo à cultura, no intuito de responder a seguinte indagação: quais características comuns possui o texto, em seus aspectos sincrônicos e diacrônicos, que permeiam em todos os textos deste gênero? Para tal intento, dialogo a partir dos paradigmas das tradições discursivas por considerar que se detecta mais precisamente as marcas da oralidade e reiterabilidade presentes na voz do sujeito. Trata-se de um estudo de cunho interpretativista e quali-quantitativo que elege quatro reflexões analíticas: a presença eventual de fórmulas fixas, as figuras da linguagem reiterantes no corpo do texto, a evidência cronotrópica indispensável e as manifestações de apelos/invocações que referenciam o texto oral, permeado pela oralidade do sujeito e moldados nos traços escritos dos folhetos. A perspectiva teórica desta pesquisa se aporta, notadamente, nos estudos sobre oralidade, embora tenha seu ancoradouro nas tradições discursivas kabatekianas e as noções de repetição e zumthorianas, partindo da ideia de movência. Os resultados demonstram que a presença de diversas metáforas, comparações, eufemismos, dentre outras figuras de linguagem, como a presença marcadamente pontual de frases fixas e apelos/invocações e proverbiais são características das vozes mnemônicas, refletidos nos cordéis. Neste sentido, contribuo efetivamente para estudos sobre a oralidade no intuito de evidenciar o campo oral como manifestação concreta da linguagem enfeixada em diversos gêneros e propagado pelas práticas sociais dos sujeitos.