O Político nas Imagens de A Missão de Heiner Müller e de O Homem que Era uma Fábrica de Augusto Boal
Dramaturgia; leitor emancipado; político na imagem; teatro do oprimido; teatro pós-dramático.
Trazer à superfície aspectos políticos nas imagens de “A Missão: Lembranças de uma Revolução” de Heiner Müller e de “O Homem que era uma Fábrica” de Augusto Boal, apresenta-se como desafio, uma vez que as imagens pretendidas são aquelas sem formas plásticas, ainda não visíveis na cena. Como imagens pensantes, elas acontecem no plano de imanência (Deleuze e Guattari). Sendo o “Político” uma perturbação no sensível, contrário à política (Rancière), a dramaturgia se abala em multiplicidades, desassossegando as funções de autor e leitor. Dramaturgia simultânea, imagem, fragmento e colagem são processos criativos imanentes às teorias do Teatro do Oprimido (Boal) e do Teatro pós-dramático (Hans-Thies Lehmann), embora, ao confrontá-las, elas sobressaiam em desentendimentos. Tais questões aproximam-se quando o Político nas imagens se expressa no ato da leitura. Contudo, o político não figura nas imagens dadas, mas, no plano do texto, nas lacunas e obscuridades que exigem, do leitor, esforço criativo.