UM CORAÇÃO QUE PULSA FORA DO CORPO: imagens passionais nas cartas de Frida Kahlo
Frida Kahlo. Carta Pessoal. Ethos Discursivo. Estilo.
UM CORAÇÃO QUE PULSA FORA DO CORPO: imagens passionais nas cartas de Frida Kahlo
Entre os anos 30 e 40 do século passado, o México viu surgir, das cinzas da revolução mexicana, uma figura singular. Frida Kahlo é descrita, até hoje, pelo imaginário social – em seus quadros, em suas fotografias – como uma mulher que marcou uma época e que se tornou símbolo de lutas, e isso se estende até a contemporaneidade. Criou-se, em volta da pintora mexicana, várias imagens sociais que eram delineadas no jogo dialógico entre suas obras e seus interlocutores. Tomando como referência essas assertivas, a pesquisa ora apresentada tomou como procedimento realizar uma análise de seis cartas escritas por Frida para os seus interlocutores amados/amantes – três homens com os quais ela se envolveu, afetivamente, durante períodos diferentes de sua vida –, e, como objetivo, mapear os ethé construídos por ela em enunciados nos quais ela “pinta” verbalmente uma imagem de si que se revela nas escolhas lexicais eleitas para falar de amor, de traição, de amizade, de dor e de seu estar no mundo. Diante disso, refinamos uma imagem estética e ideológica de Frida Kahlo que se recobre de passionalidades distintas e de graus dialógicos diversos. Há, no recorte temporal e axiológico que fizemos para esta pesquisa, uma mulher de natureza amante e que transformou esse amor em mote para seus embates com interlocutores com quem se envolveu afetivamente. A nossa análise encontra-se ancorada nas postulações teóricas da Análise Dialógica do Discurso (ADD), que tem como teórico-base o filósofo russo Mikhail Bakhtin (2003, 2009, 2013) – no que se refere ao estilo, principalmente –, e na teoria enunciativa de Maingueneau (2008, 2005) e Charraudeau (2006) – no que se refere ao ethos discursivo. Esta pesquisa insere-se na área da Linguística Aplicada e possui um enfoque qualitativo-interpretativista.