ANÁLISE DO DISCURSO DA RESISTÊNCIA MOSSOROENSE AO ATAQUE DE LAMPIÃO
Análise do discurso. Arqueogenealogia. Resistência
Na cidade de Mossoró, diversas práticas sustentam um discurso memorialista em torno da resistência desta cidade ao ataque do cangaceiro Lampião, no ano de 1927. Nossa pesquisa objetivou descrever e interpretar o funcionamento dessa discursividade, problematizando seus mecanismos, estratégias e efeitos na dispersão dos enunciados na cultura local. A Resistência, tomada como acontecimento discursivo, foi então investigada do lugar teórico-metodológico da análise do discurso francesa, na articulação dos postulados de Michel Pêcheux com a arqueogenealogia formulada por Michel Foucault. A análise do corpus constituído de materialidades discursivas acadêmicas, midiáticas, do teatro, de inscrições urbanas e da literatura de cordel, apontou uma série de regularidades discursivas, interdiscursividades e efeitos de sentido que marcam o funcionamento histórico e semiológico do discurso da Resistência como prática atravessada por diversas relações de saber e de poder. Além disso, a análise discursiva dessa reminiscência da passagem de Lampião em Mossoró possibilitou compreender essa narrativa em sua gênese e nas repetições e transformações da memória, evidenciando como este discurso tem organizado diversas instituições, grupos e lugares enunciativos, marcando a centralidade dessa memória na política, cultura e economia locais.