As meninas ( aguardando o título original)
Lygia Fagundes Telles. As meninas. Identidade. Fragmentação identitária. Liquidez.
1. Esta dissertação toma como corpus o romance As meninas, publicado em 1973, da escritora paulista Lygia Fagundes Telles. O elemento primordial de análise são as personagens principais, Ana Clara, Lia e Lorena, cujas identidades revelam-se em formação, portanto indefinidas e mutáveis. Stuart Hall (2005, 2012, 2013) discorre sobre essa fragmentação identitária, a qual, na obra em estudo de Lygia, se expande e fragmenta a estrutura narrativa, concretizada em quatro focos narrativos: os de cada uma das protagonistas e de um quarto narrador, heterodiegético. Esse modo múltiplo de narrar possibilita visualizar as diferentes identidades que cada personagem comporta, visto que há um aumento de pontos de vista. O aspecto dialógico (BAKHTIN, 2010) da obra propicia a autonomia das vozes das personagens, que seriam inviabilizadas em um texto monológico. Temos, ainda, uma constante relação entre sociedade e literatura, sugerida na mimèsis com que se representam tanto pessoas concretas por meio das personagens, quanto temas socioculturais que perpassam o romance. Zygmunt Bauman, com seu conceito de liquidez (1998, 2004, 2005, 2007, 2012), corrobora com nossa pesquisa sobre as movências identitárias. Autores como Zilá Bernd (2011), Tomaz Tadeu da Silva (2012) e Kathryn Woodward (2012), com seus respectivos estudos sobre identidade, também adensam nossa dissertação. Outra característica de nosso estudo é a busca por obras literárias diversas (nacionais e estrangeiras; contemporâneas e anteriores à de Lygia) em que haja o tema da identidade cambiante.