O SERTANEJO E O SEVILHANO NOS POEMAS DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO: O LUSCO-FUSCO BARROCO
João Cabral de Melo Neto; Barroco; Cultura; Sertanejo; Sevilhano.
Esta pesquisa tem o objetivo de, a partir de uma leitura barroca, desdobrar a compreensão dos poemas de João Cabral de Melo Neto no eixo Pernambuco – Espanha. Nessa perspectiva, a leitura da Obra Completa do poeta permite a aparição de dois sujeitos, o sevilhano e o sertanejo, que, curiosamente, pulsam e revelam-se desde seus locais de origem, Sertão e Sevilha, a um encontro labiríntico estabelecendo uma estreita e instigante relação de cidades alijadas, mas que assinalam um diálogo contíguo entre suas culturas. O esforço teórico desta investigação perpassa, aproxima ou contrapõe as orientações, entre outras, de Severo Sarduy (1999), Gilles Deleuze (2012) e Eugenio D’Ors (s.d). Não percorrendo um viés antropológico, este estudo observa o espaço espanhol e o espaço pernambucano congregando o regional ao universal e analisa o jogo Barroco na (re) construção da cultura do homem sertanejo e sevilhano. Esses elementos que se fundem, se aproximam e se distanciam provocam um jogo de alusões a Pernambuco e à Espanha que se mostram pelo viés cultural parecidos e ao mesmo tempo diferentes. Dessa apreensão, é possível compreender a síntese do sertanejo-sevilhano como uma atualização do Barroco do seiscentos a partir de índices que são evidenciados na escrita peculiar de João Cabral de Melo Neto, do cenário do Barroco ibérico e do Barroco americano.