Dar a ver Sertão e Sevilha: matizes hispânicas na poética cabralina
João Cabral de Melo Neto. Poesia. Construtivismo. Diálogo hispânico. Musicalidade
Dar a ver Sertão e Sevilha: matizes hispânicas na poética cabralina trata-se de um estudo sobre a obra do poeta pernambucano, João Cabral de Melo Neto, a partir da sua composição poética que evidencia o diálogo intercultural e poético espanhol absorvido pela convivência andaluza. As interfaces hispânicas assimiladas pela poesia cabralina através da literatura ou pelo contato direto com a cultura estão registradas nos 129 poemas dirigidos à Espanha, donde podemos observar que a matriz da tradição hispânica, rica na sua diversidade, foi elemento preponderante para o poeta João Cabral de Melo Neto descobrir o cerne da sua lírica às avessas. A partir do corpus hispânico, exploraremos a assimilação estética da poesia espanhola na obra de JCMN, com o objetivo de desmistificar as questões de aridez lírica e antimusicalidade na poética cabralina em que, através da apropriação dos elementos hispânicos investigados como signo de lírica e musicalidade se conceba uma leitura desvinculada do signo construtivista. Modelo estético evidenciado pelo crítico Antonio Candido, desde o surgimento da poesia de JCMN com o poema Pedra do sono (1942). Estética adotada posteriormente pela crítica literária que a denominou de poesia cerebral por sua configuração hermética, tessitura do rigor, concretude da linguagem e métrica retesada. Os resultados obtidos deste estudo visam provocar uma leitura que favoreça a acústica lírica da poesia cabralina no sentido de amenizar os aspectos da construção árida.