Expressões risíveis na obra de Graciliano Ramos: uma leitura de Angústia
Graciliano Ramos. Angústia. Riso. Narrativa.
Esta dissertação propõe a análise do romance Angústia (1936), de Graciliano Ramos (1892-1953), a partir da temática do riso. Estudos diversos evidenciam o caráter psicológico, social, filosófico e autobiográfico dessa obra, encaminhando-se para o pessimismo, para as desigualdades promovidas pela hierarquia social, para a crise, para a fragmentação do sujeito que atravessa tempos múltiplos ao tratar da narrativa do “eu” na Modernidade. Como explicar, então, a presença do riso em/na angústia? Como ele se caracteriza e como atua na construção do sentido dessa obra? Escolhemos essa abordagem teórica pelo fato de presenciarmos trechos com termos e situações denotativas do riso ao longo da narrativa. Para tanto, extraímos esses mesmos para compor a análise, respaldando-os em conceptualizações sobre os chistes, o grotesco, as leis gerais e a mecânica do riso, a mudança histórica e/ou evolução do riso, dos pensadores George Minois (2003), Henri Bergson (2001), Sigmund Freud (1905) e Mikhail Bakhtin (1987). Tratamos do sentido do romance, das associações entre os termos angústia e riso, de como o narrador protagonista Luís da Silva constrói a imagem do outro e de si mesmo, considerando o contexto nos qual a obra foi produzida, o autor em seu tempo, os dados biográficos relacionados à produção literária de Graciliano Ramos e o entrelaçamento das demais narrativas do autor com o tema do riso, a fim de deslindar o porquê do riso, de qual modo se dá o seu efeito, como ele coaduna e reforça a significação, desse romance, já contemplada pela crítica graciliânica.