ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL: A MAIORIDADE E O DESLIGAMENTO
jovem; estudo de caso; políticas públicas; acolhimento institucional; desligamento obrigatório.
Partindo da perspectiva sócio-histórica, o presente estudo buscou identificar o papel da rede de acolhimento institucional no que diz respeito à preparação e à orientação do jovem para a vida pós-desligamento obrigatório devido à maioridade. Realizou-se um estudo de caso da trajetória institucional de um jovem, com mais de 18 anos de idade, institucionalizado em abrigo municipal para adolescentes desde os 15 anos, impossibilitado de retornar à família e à comunidade de origem, e recém-egresso. A escolha do sujeito de referência para o estudo ocorreu por meio de entrevistas exploratórias realizadas com funcionários da rede de apoio à criança e ao adolescente em situação de risco na cidade do Natal/RN. As informações sobre o caso foram colhidas por meio de entrevistas abertas com o jovem, os educadores e os gestores da rede em Natal, visitas exploratórias a ambientes e locais de referência da vida do jovem, leitura de documentações referentes à vida institucional do jovem e notas de campo. A análise dos dados apontou o despreparo e a pouca habilidade do jovem no trato com a vida social de um mundo adulto, bem como uma incompatibilidade entre os seus planos e desejos relacionados à sua vida pós-abrigo, e as opções oferecidas pela rede de acolhimento. Tal situação decorre da falta de um projeto político-pedagógico da instituição de acolhimento e de políticas públicas voltadas para essa questão. Esses elementos indicam que o acolhimento institucional contribui para uma inclusão precária, podendo acarretar uma série de novas situações de risco à vida do sujeito.