GAYS AFEMINADOS E A EXPERIÊNCIA URBANA NOS ESPAÇOS DA CIDADE
experiência urbana; gay; afeminação; cidade
A afeminação gay é ainda um tema acadêmico que tem recebido pouca atenção no contexto brasileiro, ou seja, a maior parte dos estudos não se propõe a investigar a afeminação e os elementos a ela associados como uma categoria analítica indispensável em estudos de revisão e/ou empíricos, sobretudo quando se considera o recorte temático da experiência urbana desses sujeitos. Considerando essa lacuna, esta pesquisa objetivou investigar a experiência urbana de homens gays afeminados nos espaços da cidade. Para isso, aplicou-se um formulário eletrônico junto a 240 participantes autoidentificados gays, o qual estava composto por 51 questões de múltipla escolha, organizadas em torno de três eixos (cotidiano, sociabilidade e isolamento social). Dentre os 240 participantes, 43 sujeitos consentiram participar da segunda etapa da pesquisa, que consistiu na aplicação do SRQ-20. Dentre os 43 participantes, 8 sujeitos autoidentificados gays afeminados foram entrevistados, compondo a terceira etapa da pesquisa. A quarta, e última, etapa da pesquisa consistiu em um Grupo de Conversa com 5 participantes autoidentificados gays afeminados. Encontrou-se que, no geral, as experiências urbanas homossexuais são atravessadas por violências, discriminações e preconceitos, reverberando em medo de circular pela cidade. Desvelou-se que, seja em espaços públicos ou privados, seja dentro ou fora da comunidade LGBTQIA+ há a imposição do padrão cis-hetero-homo-normativo. Tal imposição insere de forma mais precária os gays afeminados nos espaços urbanos, visto que esses escapam ainda mais às expectativas sociais normativas e aos ordenamentos urbanos. Contudo, ser gay afeminado não implica em passividade diante dessas opressões, já que o medo encontra resistência nas apropriações individuais e coletivas pela comunidade LGBTQIA+, suscitando contra-usos nos diversos espaços da cidade que ocupam.