A POLÍTICA CIENTÍFICA BRASILEIRA DE INTERNACIONALIZAÇÃO E SEUS IMPACTOS PARA A PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Psicologia; Programas de Pós-Graduação; colaboração internacional; internacionalização da ciência;
responsabilidade social da ciência.
Nos últimos anos, acompanhando as políticas científicas nacionais, a internacionalização tem recebido grande atenção da ciência psicológica no Brasil, sobretudo na pós-graduação – principal espaço da atividade científica brasileira. Tal processo conta com direcionamentos diversos, com questões que afetam os rumos do desenvolvimento científico da área e a sua função social sob a ordem capitalista. Diante disso, objetivamos discutir o processo de internacionalização delineado pela pós-graduação brasileira em Psicologia. Analisamos o conteúdo de 36 documentos da política científica nacional, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia. Identificamos que a internacionalização promovida pela política científica brasileira, ao buscar ampliar a competitividade internacional do país possuem caráter predominantemente mercadológico; focalizam prioritariamente as Ciências Naturais e articulações com países do hemisfério Norte. Nestas condições, grande parte das Ciências Humanas e Sociais encontram menos espaço para conduzir seu processo de internacionalização – especialmente aquelas que se posicionam criticamente em relação à ordem vigente e para as quais a internacionalização inclui outros caminhos pouco considerados pelas políticas, como o estabelecimento de relações com países do hemisfério Sul. Esse cenário reverbera na Psicologia, cujos níveis de internacionalização são maiores para PPGs em subáreas mais próximas às Ciências Naturais e em detrimento das Ciências Humanas e Sociais, bem como reflete-se nas diferentes tendências colocadas para a internacionalização da área. Concluímos que para que a Psicologia possa contribuir com respostas atinentes as necessidades que afetam a população brasileira, deve promover uma internacionalização contrária às tendências mercadológicas que orientam esse processo. Deve, portanto, reivindicar uma mudança do papel da ciência, em prol do desenvolvimento pleno da humanidade, possível apenas a partir da transformação estrutural da sociedade, luta que não pode se limitar aos muros acadêmicos.