ESTUDO CLÍNICO DA ATIVIDADE LABORAL DOS TÉCNICOS EM NECROPSIA DE UM SERVIÇO DE VERIFICAÇÃO DE ÓBITO DO NORDESTE DO BRASIL
Técnico em Necropsia; Clínica da Atividade; Instrução ao Sósia; Morte; Serviço de Verificação de Óbito.
O papel principal do técnico em necropsia de um Serviço de Verificação de Óbito (SVO) consiste em auxiliar o médico patologista nos procedimentos da necropsia clínica, ou seja, envolve o contato direto com cadáveres humanos. Esta ocupação encontra-se permeada por riscos ocupacionais e estigmas relacionados à atividade laboral que a caracterizam, reforçando assim a importância do desenvolvimento deste estudo, adotou os constructos teórico-metodológicos da Clínica da Atividade como âncora principal e teve como objetivo geral: construir, em parceria com os técnicos de necropsia de um SVO, uma análise clínica, visando o desenvolvimento do poder de reflexão, de ação e de transformação dos trabalhadores em seu próprio contexto de trabalho. A pesquisa foi desenvolvida em um SVO de uma cidade do Nordeste do Brasil, contando com a delimitação de duas etapas de construção de dados. A primeira etapa contou com a adesão total do grupo de 13 técnicos em necropsia. Nela, realizamos uma entrevista individual semiestruturada visando trazer para a análise fatores relacionados à carreira profissional, sobretudo os motivadores iniciais, as vivências atuais e os possíveis projetos. A segunda etapa foi desenvolvida com uma dupla de trabalhadores, utilizando a técnica de Instrução ao Sósia. Os dados construídos nesta pesquisa foram interpretados à luz dos operadores teóricos da abordagem supracitada. O grupo trouxe indícios de baixa visibilidade e estigma social associados ao ofício. Contudo, no geral, eles reconheceram a relevância social da ocupação profissional e se identificaram com ela. Os principais impedimentos apontados foram as condições salariais, os recursos materiais, o relacionamento com a direção, os conflitos no grupo e os variados desvios de função, que são percebidos de formas distintas. No decorrer da etapa clínica, a dupla relembrou o potencial de mobilização que o grupo possuía e refletiu sobre os meios possíveis para resgatar o poder de agir do coletivo.