O papel do ambiente residencial na qualidade de vida De idosos assistidos pela estratégia saúde da família: Um estudo exploratório em Cabedelo, Paraíba
Ambiente residencial; Qualidade de vida; Idoso; 4ª. Idade; Psicologia Ambiental..
Na atualidade, o acelerado envelhecimento populacional desafia a sociedade e as políticas públicas de saúde, uma vez que o aumento da longevidade precisa estar associado à qualidade de vida. Para tanto, a existência de ambiente físico e social adequado é um fator fundamental, condição que se acentua no âmbito habitacional. Entendendo ambiente residencial como o conjunto do espaço da morada (unidade de habitação) e da área que a circunda (vizinhança próxima), a tese em desenvolvimento investiga o papel deste local na qualidade de vida de idosos assistidos pelo Programa Saúde da Família (PSF), enfocando, especificamente, pessoas com 80 anos de idade ou mais (4ª. idade), grupo considerado mais vulnerável. O estudo assume caráter exploratório e foi desenvolvido com base em abordagem qualitativa (pesquisa-ação) tendo como objetivo a construção de um discurso que seja comum ao grupo. O trabalho empírico recorreu a visitas domiciliares e foi realizado no PSF da cidade de Cabedelo-PB, entre novembro/2013 e fevereiro/2014. Participaram 36 idosos (31 mulheres e 5 homens), com idade entre 80 a 99 anos, baixa escolaridade e que moram naquela área em média há 39 anos. Na primeira etapa da pesquisa foram aplicados questionários relativos a dados sociodemográficos e habitabilidade da residência e áreas adjacentes. Na segunda etapa aconteceu entrevista com roteiro semiestruturado, utilizando gravação. Ao longo de todo trabalho foi mantido diário de campo da pesquisadora e realizadas observações naturalísticas do comportamento dos idosos. Os dados quantitativos foram analisados por meio de estatística descritiva, e as informações provenientes das entrevistas foram categorizadas pelo uso do QDA-Miner e posteriormente analisadas através da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Dentre as ideias centrais que deles emergiram destacam-se: a representação da casa, o apoio da vizinhança e questões relacionadas à díade independência/autonomia. O estudo mostrou que os idosos que têm oportunidade para se manterem ativos, encontrarem pessoas e participarem socialmente se sentem bem em relação a si mesmos, e desenvolvem forte relação de afetividade (amor simbólico) e apego ao ambiente residencial. De modo geral eles entendem a importância deste ambiente para a sua saúde e qualidade de vida e desejam permanecer no lugar onde hoje moram. Apesar dos muitos obstáculos vivenciados (tanto em casa quanto no espaço urbano), consideram-se satisfeitos com o local e se mostram constrangidos quando notam haver dificuldade (física ou social) para sua efetiva participação no cotidiano local.