Suporte ao consumo de álcool e drogas na Atenção Primária: um estudo com equipes de Natal/RN
álcool; drogas; atenção primária; ASSIST; saúde mental
Pesquisas nacionais indicam que 6,8% da população brasileira é dependente de álcool e 1% dependente de drogas ilícitas, representando uma parcela significativa da população atingida por esta problemática. A Atenção Primária torna-se fundamental na ampliação da cobertura dessa demanda e na diminuição dos encaminhamentos desnecessários para a atenção especializada. Este estudo objetivou investigar a capacidade de resposta e suporte institucional de equipes de Atenção Primária em relação às demandas de usuários de álcool e drogas. A pesquisa foi desenvolvida em uma Unidade de Saúde da Família no Distrito Sanitário Oeste de Natal. De natureza quantitativa e qualitativa, nosso estudo foi composto de duas etapas. Na primeira, foi realizado um mapeamento do uso abusivo de álcool e outras drogas em uma amostra da população adscrita das equipes de SF, utilizando questionário sociodemográfico e o ASSIST (Alcohol, Smoking and Substance Involvement ScreeningTest). Foram aplicados 406 questionários. Desses, 27,8% são homens e 72,2% mulheres, das quais 56% têm entre 20 e 39 anos, são donas de casa, têm relacionamento estável e consumidoras de tabaco (37,6%), maconha (13%) e principalmente álcool (57%). Na segunda etapa foram formadas duas Rodas de Conversa com as equipes de Saúde Família e NASF de referência para a discussão dos dados do mapeamento realizado na fase anterior. As rodas, que contaram com a participação de 20 dos 37 profissionais das equipes de SF e 2 do NASF, evidenciaram a falta de capacitação dos profissionais na temática; incapacidade da rede em acolher o usuário; crença dos profissionais de que nada pode ser feito quando o assunto é álcool e drogas e o encaminhamento como única ação de cuidado realizada pelas equipes. Diante disso, indicamos a necessidade de fundamentar de forma consistente uma abordagem nas questões de uso de álcool e drogas que leve em consideração as questões de gênero, investindo na política de Redução de Danos como uma possibilidade de atuação nesse âmbito por reconhecer cada usuário em sua singularidade e traçar com estratégias de promoção a saúde de forma ampla e contextualizada.