A formação graduada em psicologia no Brasil: reflexão sobre os principais dilemas em um contexto pós-DCN
Psicologia; formação do psicólogo; Projeto Pedagógico de Curso; Políticas de Ensino Superior.
As críticas feitas ao processo formativo graduado do psicólogo no Brasil fizeram surgir debates conhecidos por “dilemas da formação”. Nos últimos anos o modelo formativo clássico, baseado no Currículo Mínimo passou por uma série de transformações após as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), modificando o contexto dos cursos. Assim, esse trabalho objetiva investigar, em um contexto pós-DCN, como os cursos de graduação em Psicologia no Brasil tem lidado com os dilemas da formação. Para tanto, optou-se por analisar os Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs) de Psicologia no país. Foram coletados 40 PPCs, selecionados por região, organização acadêmica e natureza jurídica. As informações coletadas foram agrupadas em três blocos de discussões: fundamentos teóricos, filosóficos e pedagógicos; ênfases curriculares e disciplinas e; práticas profissionais. Os resultados foram agrupados em quatro conjuntos de dilemas: a) éticos e políticos; b) teórico-epistemológico; c) prática profissional do psicólogo e d) acadêmico-científicos. Os cursos reivindicam uma formação compromissada socialmente, generalista, pluralista, foco em pesquisa, defesa da indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão, formação interdisciplinar e defesa de uma visão de homem e de Psicologia crítica e reflexiva e não-individualizante. Os currículos mantém o ensino quase que exclusivo das áreas clássicas, dos campos tradicionais da Psicologia aplicada. A formação é conteudista. A clínica é hegemônica, tanto na teoria como nos campos de aplicação. O debate histórico é escasso e são ausentes os temas ligados à realidade brasileira, apesar das políticas sociais estarem presentes nos currículos. Atualmente, as DCNs têm um impacto muito maior nos cursos devido à influência das agências de controle, frutos da política educacional atual, e o resultado disso é sentido na homogeneização dos discursos dos currículos.